“Missão não é propriedade particular, mas tarefa eclesial”, afirma presidente da CNBB

O cardeal Sergio da Rocha falou aos 700 participantes do 4º Congresso Missionário Nacional em Recife (PE)

por Geraldo Martins

O arcebispo de Brasília (DF) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cardeal Sérgio da Rocha, disse, neste sábado, 9, em Recife (PE), que uma das implicações da sinodalidade incentivada pelo papa Francisco é a dimensão comunitária da missão. “Sinodalidade é caminhar juntos, compartilhar alegrias e dores. A missão não é propriedade particular, não é restrita a alguém ou a um grupo, mas é tarefa eclesial”, afirmou.

O cardeal participa do 4º Congresso Missionário Nacional (4º CMN), que começou na quinta-feira, 7, na capital pernambucana. Na manhã deste sábado, ele falou aos congressistas sobre sinodalidade, um dos eixos temáticos do Congresso, juntamente com a comunhão, tema desenvolvido pela teóloga Lúcia Pedrosa Pádua, da PUC-Rio, que compôs a mesa com dom Sérgio.

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O presidente da CNBB mostrou a diferença entre sinodalidade e colegialidade. “Ordinariamente, colegialidade se refere ao ministério episcopal e é exercida em comunhão com o papa. A sinodalidade vai além da colegialidade episcopal e não se reduz ao que os bispos vivem em relação ao papa”, explicou.

Segundo dom Sérgio, sinodalidade não é uma questão técnica, mas de natureza da Igreja. “Sinodalidade significa participação e comunhão em vista da missão. Não pode ser Igreja se não for assim. O horizonte da sinodalidade é eclesiológico e não funcional”, esclareceu.

21433210_798011517072643_8933826200191223890_nDe acordo com o cardeal, a sinodalidade bebe na eclesiologia do Concílio Vaticano II e o sínodo dos bispos é instrumento de uma Igreja sinodal. “Uma Igreja sinodal é uma Igreja da escuta. Trata-se de uma escuta recíproca onde cada um tem a aprender com o outro. Uma Igreja em que cada um está à escuta dos outros e todos à escuta do Espírito Santo, que age na totalidade dos fiéis”, disse.

O cardeal apontou três implicações que nascem da sinodalidade. O primeiro é o desafio de caminhar juntos e evitar a centralização, de modo a revalorizar os diversos espaços da comunhão e da sinodalidade no âmbito da Igreja. “Uma Igreja sinodal valoriza todos os espaços, a centralização atrapalha. Nenhum grupo deve ter monopólio [da missão], porque todo monopólio leva à exclusão do outro”, acentuou. Segundo dom Sérgio, sínodos, conselhos de pastoral e administrativo, assembleias são espaço de sinodalidade, contudo, não a esgotam.

Para dom Sérgio, a sinodalidade desafia também a “ultrapassar da Igreja local o que podemos fazer”. “A sinodalidade anda junto com a universalidade que caracteriza a missão. Precisamos ir além da paróquia, da diocese, do país. É preciso alargar o horizonte da missão”, observou.

O presidente da CNBB mostrou que, da sinodalidade, brota ainda a necessidade de melhorar a prática da unidade na diversidade dentro da Igreja. “Há aspectos a melhorar ou a repensar como a unidade na diversidade e, no caso da missão, a pluralidade das culturas. Repensar também a autoridade, compreendida como ministério e serviço”, sublinhou dom Sérgio.

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O Congresso Missionário, acolhido pela arquidiocese de Olinda e Recife, termina neste domingo, 10. De seus 700 participantes, sairão 200, a serem escolhidos pelos Regionais da CNBB, para participar do 5º Congresso Missionário Americano (CAM), em julho do próximo ano, em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia.

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