Milhares de fiéis sobem o morro para homenagear Nossa Senhora da Conceição

O Santuário de Nossa Senhora da Conceição, no alto do morro, em Casa Amarela, está em festa. Fiéis sobem e descem a estrada e as escadarias para participar das missas, celebradas desde a zero hoje deste dia 8, em honra a Nossa Senhora da Imaculada Conceição. A festa começou no dia 29 de novembro, com o tema “Nossa Senhora da Conceição do Morro: Muitos Nomes, uma Só Mãe”, em alusão aos vários títulos dados a Nossa Senhora.

Já às seis da manhã, uma multidão participou da missa presidida pelo pároco do Morro da Conceição, padre Renato Azevedo. Concelebrada pelo padre Luciano Brito, que proclamou o Evangelho, a missa contou com a presença de autoridades políticas como o governador de Pernambuco, Paulo Câmara, e o prefeito da cidade do Recife, Geraldo Júlio. Na homilia, padre Renato lembrou as palavras do reitor do santuário, padre José Ulysses: “Quem vem ao santuário, sobe o morro como discípulo e desce como missionário”. As palavras querem dizer que, ao subir o morro, o fiel passa de seguidor de Jesus à pessoa que propaga sua mensagem – “Uma transformação indispensável a todo cristão”, disse padre Renato.

Para o pároco, celebrar a Imaculada Conceição é celebrar a história de Deus que quer estar presente no meio do povo. “Celebramos um fato da história de Deus, que resolveu se encarnar para estar no meio de nós, e para isso convocou o serviço de uma mulher vocacionada à santidade”, disse o sacerdote. “Antes de a Igreja proclamar o dogma da Imaculada Conceição, o povo já a proclamava cheia de graça. Maria resolveu ser servidora do Senhor. Ela acolheu dentro de si o Verbo de Deus e viveu esta Palavra. Maria é discípula e missionária, exemplo para todos que sobem o morro”, afirmou.

Surpreendendo a todos, padre Renato chamou o governador e o prefeito para a frente do altar e pediu-lhes: “Olhem este povo que está esperando o serviço dos senhores, trabalhem por ele, amem este povo como Jesus ama”. A mesma coisa fez com Juninho, presidente do Conselho dos Moradores do Morro da Conceição: “Os moradores estão esperando por você, sirva o povo do Morro com amor”, pediu o pároco. E rezou uma Ave Maria, junto com os fiéis, por esses três.

A procissão de encerramento da Festa terá concentração a partir das 14 horas no Forte do Brum, no Cais do Apolo, saindo às 15 horas em direção ao morro. Será uma caminhada de quase sete quilômetros pela Ponte do Limoeiro e Avenida Norte, subindo pela Estrada do Morro da Conceição (descida dos ônibus), em direção ao santuário. A missa solene de encerramento está prevista para as 18h, e será presidida pelo arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido.

Povo de Deus

O movimento no morro traz pagadores de promessa de todas as idades. Famílias inteiras acham espaço na multidão, para juntas rezarem aos pés da imagem de Nossa Senhora, trazida da França em um navio em 1904 e que mede 3,5 metros de altura. Avós, pais, filhos e netos perpetuam a tradição que consolida a festa como uma das maiores do Estado.

O estudante Juan César da Silva Santos sobe o morro pela primeira vez, aos 10 anos de idade. Morador da UR-7, Várzea, o pequeno pagador de promessas se vestiu de azul e veio para a festa junto com sua mãe Adélia, para agradecer a cura de um problema gastrointestinal grave que teve ao nascer. “Minha sogra e eu entregamos a vida dele a Nossa Senhora e ela intercedeu a Deus por meu filho”, contou sua mãe.

Apoiada por uma bengala por conta de uma trombose e do incômodo da erisipela, Regina Sabino, que completa 80 anos neste Natal, subiu o morro acompanhada de Ricardo Sant’Anna, um de seus seis filhos adotivos. “Faço parte da Pastoral Carcerária e vim pedir a Jesus e à Mãe da Conceição por nossos irmãos encarcerados e pelas mães de família que choram por seus filhos presos”, disse Regina. A nobreza do sentimento não causa espanto a quem conhece a história de Regina: ela nasceu na noite de Natal, dentro da sacristia da matriz da Boa Vista, no Recife, e foi enrolada às pressas na toalha do altar. Sua mãe morreu uma hora após o parto e ela foi criada por pais adotivos. “Sei a graça que é ter uma família e por isso, mesmo sem casar, dei amor de mãe a quem não tinha”, contou a aposentada. “Ser mãe é uma bênção e nenhuma deveria sofrer por ter um filho na prisão”, concluiu.

Pascom AOR

DESTAQUES

REDES

Pular para o conteúdo