Inspirado pelo tema do Jubileu, secretário-geral da CNBB afirma que acabou o tempo de trabalhar em “gavetas”

Uma explicação panorâmica e detalhada sobre a Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil a partir das diretrizes gerais aprovadas pelos bispos brasileiros nas assembleias da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Assim foi a fala do bispo auxiliar de Brasília e secretário-geral da CNBB, dom Ricardo Hoepers, na manhã dessa segunda-feira, 29, durante a realização do Encontro “Preparando o  Jubileu 2025”, cujo tema é “Peregrinos de Esperança”.

Ao fazer uma breve apresentação do panorama da ação evangelizadora da Igreja no Brasil, a partir da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Ricardo Hoepers iniciou dizendo que abordar sobre a evangelização no nível nacional é um imenso desafio, pois o Brasil é um território extenso, sendo necessário que a CNBB se adapte às características de cada regional, considerando as culturas e costumes próprios.

Resgate histórico

Para chegar a um panorama em linhas gerais, dom Ricardo Hoepers fez um resgate histórico sobre a criação da CNBB, ainda na década de 1950. Considerada a terceira Conferência Episcopal do mundo reconhecida pela Santa Sé, a CNBB foi fundada em 14 de outubro de 1952, no Rio de Janeiro, ou seja, dez anos antes do Concílio Vaticano II, o que favoreceu ter um planejamento pastoral que contemplasse as urgências daquela época.

Direto da capital Fluminense, a reunião de instalação da Conferência aconteceu no Palácio São Joaquim, onde ocorreu também a eleição da comissão permanente que passou a dirigir a entidade constituída. Dom Helder Câmara, então bispo auxiliar do Rio de Janeiro e idealizador da Conferência, foi designado como seu secretário-Geral, e o cardeal Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta, então arcebispo de São Paulo, foi eleito o primeiro presidente da Entidade.

“Portanto, não podemos dizer que nossos projetos pastorais, nossos trabalhos e contribuições surgiram de repente, foi um processo dinâmico ao longo de 70 anos que resultou em 45 arquidioceses, 219 dioceses, 3 eparquias, 7 prelazias, 1 exarcado, 1 ordinariado para os fiéis de Rito Oriental sem Ordinário próprio,1 Ordinariado Militar do Brasil, 1 Administração Apostólica Pessoal e 1 Arquieparquia, totalizando 279 Circunscrições Eclesiásticas”, enfatizou dom Ricardo.

Desafios à fé

De acordo com dom Ricardo, as primeiras pesquisas divulgadas acerca do censo demográfico 2022, realizado pelo IBGE, apresentam informações atualizadas fundamentais para o desenvolvimento e implementação de políticas públicas e para investimentos de iniciativa privada, é dentro desse contexto que a Igreja Católica também se insere, pois ela busca, a partir de alguns resultados, conhecer a realidade e propor com eficácia os projetos e as ideias por meio de suas comissões.

Em meio a tantos desafios, dom Ricardo Hoepers destacou que, segundo as pesquisas do censo, os católicos são 50% da população, 31% são evangélicos e quem mais cresce é o público sem religião, alcançando um percentual de 14% (no último censo esse percentual era de 8%), aqui está a maioria dos jovens entre 16 e 24 anos.

O secretário-geral da CNBB destacou que o contexto brasileiro exige da Igreja um comprometimento, sem ficar na omissão. O bispo destacou ainda os principais pontos de atenção sobre a população brasileira: “Encontramos sérios problemas na saúde em várias regiões do Brasil;  na educação o Brasil alcançou a marca de 11 milhões de brasileiros analfabetos, sem contar os tantos analfabetos funcionais”, apontou dom Ricardo.

Com relação à moradia, dom Ricardo chamou atenção que o déficit habitacional chega a 5,8 milhões e que o  desemprego cresce entre os jovens e entre as mulheres. “Ainda chama nossa atenção quando falamos do saneamento básico, da desigualdade social, ponto em que o Brasil ainda se encontra entre os países de maior disparidade. Sem deixar de lado a situação do trabalho infantil, o desmatamento, a igualdade racial, as drogas, a violência e a fome, uma amostra de que 55,2% dos lares brasileiros não têm acesso ao alimento regular”, afirmou.

Quem somos diante dos desafios?

Atualmente o episcopado da Igreja Católica no Brasil conta com 490 bispos ao todo, considerando os que estão em atividade e os eméritos. A CNBB se organiza a partir das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, aprovadas nas assembleias. Articula suas 12 comissões a partir do que define seu Estatuto.

Dom Ricardo retomou o processo das comissões, afirmando que não surgiram de forma repentina, foram sendo constituídas e organizadas até chegar à estrutura que se conhece hoje. Dom Ricardo Hoepers recordou que “a dinâmica de cada comissão é um resultado de muitos anos, elas existem exatamente como cuidadoras, sentinelas do Concílio Vaticano II. Atualmente as nossas comissões são: Ação Missionária e Cooperação Intereclesial, Ação Transformadora, Animação Bíblico-Catequética, Comunicação Social, Cultura e a Educação, Doutrina da Fé, Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso, Juventude, Laicato, Liturgia, Ministérios Ordenados e Vida Consagrada e Vida e Família”, apontou.

Para o secretário-geral da CNBB, os grandes protagonistas que dinamizam o trabalho das comissões na base, são os Organismos do Povo de Deus que dinamizam e motivam os processos. Dom Ricardo afirmou ainda que a CNBB possui instituições, conselhos, movimentos e redes que facilitam a continuidade dos trabalhos espalhados pelo Brasil.

O bispo falou também do trabalho das Comissões Especiais que respondem às muitas realidades das quais a Igreja não conseguiu dar conta: Amazônia, Acordo Brasil-Santa Sé, Comunhão e Partilha, Bioética, Causa dos Santos, Enfrentamento do Tráfico Humano, Ecologia Integral e Mineração, Proteção de Menores e Pessoas Vulneráveis e  Campanhas.

Trabalhar com coragem

“Acabou o tempo de trabalhar em gavetas, onde é cada um por si, cada um com seu projetinho. Nosso trabalho é fazer com que todas as comissões possam se integrar em projetos em comuns”, afirmou dom Ricardo. Para ele, muitas ideias e propostas podem ser feitas em conjunto, para que a Igreja possa avançar.

“Com todas essas comissões, que representam o Concílio Vaticano II, como estão estabelecidos os projetos e trabalhos lá nos nossos regionais e nas nossas dioceses? Será que nas bases estamos trabalhando em gavetas? Precisamos trabalhar com coragem. Nosso Jubileu nos mostra que é preciso trabalhar em conjunto”, pontou.

Dom Ricardo Hoepers concluiu sua fala reforçando o artigo 1º, capítulo 1, do que diz o estatuto da CNBB:

“A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) é a instituição permanente que congrega os Bispos da Igreja Católica no Brasil, na qual exercem conjuntamente algumas funções pastorais a favor dos fiéis (cf. cân. 381, §2). Nela,  a exemplo dos Apóstolos, os Bispos procuram dinamizar a própria missão evangelizadora para melhor promove a vida eclesial e responder de modo mais eficaz aos desafios contemporâneos, por formas de apostolado adequadas às circunstâncias (cf. cân. 447)”.

Fonte: CNBB

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