Famílias, eduquem seus filhos na fé!

Dom Dulcênio Fontes de Matos
Bispo de Campina Grande (PB)

A Semana da Família deste ano de 2020 nos traz como proposta a reflexão de Josué 25,15 – “Eu e minha casa serviremos ao Senhor”. Logo pensei: de que forma a família pode servir ao Senhor? Como podemos levar também a Boa nova até o cerne dos nossos lares, especialmente daqueles que atravessaram dificuldades?

Para servir ao Senhor a Família precisa ser evangelizada. Gostaríamos, na oportunidade, de focar uma das muitas missões da Família – talvez a mais importante, que é a educação religiosa, base da fé. Quando contemplamos a “travessura” do adolescente Jesus, a intenção não é a de incutir nos meninos um “escape” de uma desobediência dos pais, mas um exemplo de uma criança de apenas 12 anos que se interessa por uma aula ou curso de religião, indo ao templo. E ali, diante dos Doutores, “ouvia e interrogava” (Lc 2,46), demonstrando interesse pelas coisas de Deus. Assim se dirigia à Mãe: “Não sabíeis que devo estar na casa de meu Pai?”.

A fé, transmitida aos filhos ainda novos, é fundamental para uma paulatina conscientização acerca da vida cristã que, se não for alicerçada sobre boa instrução, em casa, com os pais, vacilará diante da primeira dificuldade, quando se tornarem adultos. Por isso, em consciência, é meu dever de Bispo afirmar: somente com a instrução religiosa bem esclarecedora e formativa, pode salvar-se uma pertença à Igreja de Cristo.

O Catecismo em Família é o fundamento da vida cristã e, ao mesmo tempo, de sua educação. Quem poderá garantir o futuro de uma sociedade descristianizada? Quando alguém conhece a verdade, está habilitada a praticá-la, porque a ação humana é, em si, consequente. Ninguém dá o que não tem. Assim, se conclui que os pais devem conhecer a Doutrina, a fim de praticá-la e transmiti-la pelo exemplo e a palavra.

A fé não pertence só aos pequenos, mas a todos: também aos grandes. O que se aprende na infância, na adolescência e na juventude não basta para a vida adulta. Não que a Doutrina mude: o Catecismo não muda; mudam, porém, as pessoas. Cada dia se aprende (ou desaprende) alguma coisa: da TV, das Redes sociais… Quem não estiver convicto dos valores cristãos, a par da religião, encontrar-se-á desarmado diante das objeções dos contravalores, que geram confusões e que são estrategicamente armados pelo espírito do mal que todos os dias aparecem para nossas crianças e adolescentes, travestidos do bem.

Este duro período de pandemia que enfrentamos também apontou novos rumos que a Igreja deve tomar. Atentem: a Igreja, todo o corpo místico, não apenas os padres e bispos. Todos nós que fazemos parte da Igreja de Cristo fomos interpelados pela circunstância a sermos evangelizadores de nossas próprias residências. Mesmo com a triste constatação de que muitas famílias passaram por dificuldades, também foram grandes as restaurações feitas no âmago de muitas casas de nosso bom povo.

Sinto que cada família se tornou um espaço eclesial de ação missionária: a família que acompanha as transmissões religiosas pelas redes sociais; a família que se une para rezar; a família que se une para discutir sua vivência. Neste tempo vimos que pais, mães, tios, e outros familiares tornaram-se catequistas de seus filhos. Quantos pais também voltaram às suas “origens” católicas, para aprender mais sobre o que creem. São exemplos vigorosos que iluminam todos os dias destes tempos sombrios. São verdadeiros arautos que insistem em educar seus filhos para o bem e para a vida fraterna.

A missão da Família cristã (e, consequentemente, da Igreja) é insistir na instrução religiosa: quando descuidada, abre-se o caminho do vício, da maldade, da droga, da violência, do assalto, da incredulidade e materialismo, da perversão… Enfim, de todos os contravalores que atingem a sociedade de hoje. Os que perderam a fé ou não a praticam assim agem porque, em nome do “ser moderno”, se deixam levar pelo preconceito hoje, infelizmente, reinante, contra o Catecismo, contra a Família.

Pais, quando for possível, levem seus filhos para a Missa! Se não for possível ir à uma igreja, assistam as celebrações junto deles! Não esperem por aulas em uma escola ou por encontros semanais de catequese. Estes são extremamente importantes. Mas, sejam vocês mesmos os instrutores responsáveis dos filhos no estradar da fé católica! Quantos exemplos de nossos tempos de santos e santas que se maravilharam pelo sagrado mediante a ajuda dos pais! Assim fazendo, pais e filhos poderão unir-se em oração, servindo ao Senhor na alegria e na misericórdia.

“Eu e minha casa serviremos ao Senhor” (Js 24,15). Como pastor, desejo que a Sagrada Família de Nazaré desperte nas famílias cristãs a consciência de sua grande missão, do seu grande dever: o da instrução e educação religiosa aos filhos. E que tomem a liberdade de exigir de seus outros irmãos da Igreja que os ajudem no cumprimento de tão grave mister.

Famílias, sejas vigilantes!

DESTAQUES

REDES

Pular para o conteúdo