‘Completo em minha carne aquilo que falta aos sofrimentos de Cristo’

Dom Mariano Manzana
Bispo de Mossoró (RN)

 Queridos irmãos e irmãs, durante cinco meses estivemos no distanciamento social em função da pandemia da Covid-19. Uma longa quarentena na tentativa de evitar a proliferação do coronavírus. Um tempo de coalisão de forças entre as instituições e cooperação de cada um por meio do cumprimento de protocolos orientados pelas autoridades sanitárias.

Não temos dúvidas de que a pandemia exigiu muitos sacrifícios, impondo sofrimentos às famílias, particularmente às mais vulneráveis. A exigência necessária do distanciamento social gerou desafios de diversas ordens: espiritual, psicológico, financeiro, além da ameaça primeira à saúde pública. Não obstante os desafios, experimentamos também da Graça Divina que nos auxiliou e fortaleceu no enfrentamento pessoal e coletivo da pandemia. Entre tantas graças, lembramos as iniciativas sócio-caritativas por meio de lideranças das comunidades paroquiais e movimentos; o uso das novas tecnologias na transmissão das liturgias, fortalecendo a vida espiritual, a dinâmica pastoral e religiosidade do nosso povo; e fundamentalmente a vivência mais aprofundada da igreja doméstica, a comunhão espiritual familiar.

Contemplando a assistência da Graça Divina durante esse tempo de quarentena, percebemos os frutos dos sacrifícios envidados. Os esforços pessoais e coletivos, não obstante o alto número de vítimas e famílias afetadas, não foram em vão. Os frutos revelam a capacidade que o ser humano tem de ser cooperativo, solidário e responder com espiritualidade e racionalidade aos desafios da história. Como cristãos, oferecemos o nosso sacrifício como um ato de fé e comprometimento humanitário, no desejo de ser um sinal de esperança na sociedade, onde muitos são desafiados na fé e na esperança, tentados a se entregar ao desespero e falta de perspectivas.

Estamos iniciando um retorno gradual às atividades religiosas no modo comunitário, assistidos pelas autoridades públicas que orientam os protocolos com relação às questões epidemiológicas. O espírito cooperativo que alimentamos durante a quarentena deve permanecer. Precisaremos de muita prudência, muito bom senso e capacitação para não perdermos os frutos de tanto sacrifício e voltar a uma nova epidemia. Cada um é chamado a ser responsável em alto grau. A atitude pessoal, além de ser um gesto de educação, é um sinal de cooperação como Igreja com a sociedade e testemunho cristão de amor a Deus e ao próximo. Que a providência divina continue nos assistindo e fortalecendo nesse novo momento. A Igreja peregrina segue sua marcha no tempo com o auxílio da Graça de Deus. Deus nos ilumine.

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