A Diocese de Palmares e a Arquidiocese de Olinda e Recife formaram uma comissão em defesa de mais de 4.500 famílias ameaçadas de despejo em Pernambuco. A população atualmente vive em oito municípios da zona da mata sul do Estado onde deverá ser construído um dos trechos da Ferrovia Transnordestina – obra projetada para ligar o Porto de Pecém (CE) ao Porto de Suape (PE).
Os moradores da região, situados a 15 metros da antiga linha férrea, foram informados de que têm até o dia 30 deste mês para abandonar suas casas sob pena de multa diária de R$ 100. A ordem de despejo foi autorizada pela Justiça Federal a pedido da empresa Transnordestina Logística S.A. detentora da concessão da ferrovia.
Diante da iminente violação de direitos, a comissão foi organizada nesta segunda-feira (9), após reunião das igrejas locais e deputados federais e estaduais, representantes do Ministério Público Federal (MPF), da Defensoria Pública da União (DPU) e de grupos defensores dos direitos humanos. O encontro foi realizado na cúria metropolitana da Arquidiocese de Olinda e Recife, bairro das Graças, zona norte da capital pernambucana.
“[A comissão] é um sinal de esperança para esse povo sofrido, já que são tantas famílias ameaçadas de perderem suas casas e sua dignidade. Estamos conversando e articulando para barrar essas desocupações”, afirmou o arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido.
Entre as primeiras ações do grupo, que tem o apoio da Comissão Regional Pastoral para a Ação Sociotransformadora da CNBB NE 2, estão o pedido de revisão do prazo de despejo que será feito pela DPU. Outra iniciativa será levar a questão para ser discutida no Ministério do Desenvolvimento Regional, em Brasília.