A renúncia forja o coração do discípulo de Jesus | Dom Frei Manoel Delson Pedreira da Cruz, OFMCap

Dom Frei Manoel Delson Pedreira da Cruz, OFMCap*

O seguimento radical de Jesus é o principal fruto da vida batismal. Não há seguimento sem renúncia, sem entrega disponível da própria vontade: “Se alguém vem a mim, mas não se desapega de seu pai e sua mãe, sua mulher e seus filhos, seus irmãos e suas irmãs e até da sua própria vida, não pode ser meu discípulo. Quem não carrega sua cruz e não caminha atrás de mim, não pode ser meu discípulo.” (Lc 14,26-27). Na religião cristã, o empenho da renúncia nunca pode ser uma expressão da anulação de si, mas sempre uma resposta de amor por causa do amor a Deus. Renunciamos a nós próprios porque somos livres!

O Papa Francisco tem uma belíssima lição sobre o tema em questão. O Papa da Misericórdia diz: “Seguir Jesus é renunciar ao egoísmo, à busca do poder e da fama.” Esta frase lapidar soa estranho aos nossos ouvidos, talvez porque já estamos acostumados em não abrir mão de mais nada. Vamos nos acostumando com o império da nossa vontade sobre tudo e todos. O mundo atual vai emplacando uma rotina de conceitos que se distanciam daquilo que nos ensina o Evangelho de Jesus. Este nos coloca diante da doação, do voluntariado, do sacrifício. Enquanto que, àquele diz que ser pequeno é sinal de fracasso, de que não vale a pena perder tempo com as pessoas, de que o pobre até pode ser ajudado, mas não é nosso irmão.

No coração do verdadeiro discípulo de Nosso Senhor sempre há espaço para dois grandes tesouros: Deus e o próximo. Devemos construir nossa vida sobre essas riquezas. Afinal, o que nos restará quando tivermos de comparecer diante do Tribunal da Misericórdia de Deus? Será que seremos capazes de tentar “driblar” Deus com a predominância de nós mesmos, de tudo aquilo que julgarmos ser importante? O amor, quando acolhido em nossas escolhas, nos educa à submissão da Vontade de Deus, e esta é bastante concreta na vida cotidiana. Sabemos que não é fácil submeter-se, mas quando encontramos o sentido do ser discípulo de Jesus, o fardo torna-se amoroso e mais leve, mas nunca ausentado do sacrifício, pois “qualquer um de vós, se não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo!”(Lc 14,33). Nossa Senhora é a fiel discípula do Seu Filho Jesus, com Ela aprendemos a ter um coração burilado na renúncia por amor, sem ferir nossa liberdade. Que Nossa Senhora nos ajude a entender que o sacrifico cristão não é negação, mas entrega livre de si!

*é arcebispo da Paraíba e referencial para a Cáritas NE 2

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