Dom Jaime Vieira Rocha
Arcebispo de Natal
Prezados leitores/as,
Neste dia 22 de outubro, celebramos a memória litúrgica de São João Paulo II. Canonizado, juntamente com São João XXIII, pelo Papa Francisco, em 27 de abril de 2014, foi chamado por ele como o “Papa da família”. Recordando a sua memória, hoje, dia em que iniciou o seu ministério como Papa, 22 de outubro de 1978, Papa Francisco declarou, em sua página do Twitter: “São João Paulo II, apaixonado pela vida e fascinado pelo mistério de Deus, do mundo e do homem, foi um dom extraordinário do Senhor à Igreja. Recordemos a sua fé: que seja de exemplo para viver o nosso testemunho hoje”. Recordamos, também, a sua profunda fé mariana, alicerçada no sentido da verdadeira devoção, como nos ensinou São Luis Maria Grignion de Montfort: com uma concentração cristológica exemplar, como se expressa na sua primeira Encíclica Redemptor hominis, publicada em 4 de março de 1979: “O Redentor do homem, Jesus Cristo, é o centro do cosmos e da história. Para Ele se dirigem o meu pensamento e o meu coração nesta hora solene da história, que a Igreja e a inteira família da humanidade contemporânea estão a viver” (SÃO JOÃO PAULO II. Carta Encíclica Redemptor hominis. 4 de março de 1979, n. 1). São palavras que continuam sendo atualíssimas.
Karol Josef Wojtyla, nome de batismo de João Paulo II, nasceu na Polônia, em 18 de maio de 1920, em Wadowice, uma pequena cidade a 50 km de Cracóvia. Filho de Karol Wojtyla e Emilia Kaczorowska. Sua mãe faleceu em 1929 e seu pai em 1941. Teve dois irmãos, Edmundo, morto em 1932 e Olga, morta antes do seu nascimento. Em 1939, quando as forças nazistas invadiram a Polônia e fecharam a Universidade Jagellonica de Cracóvia, onde ele estudava, teve que trabalhar numa mina e depois numa fábrica química, para ganhar a vida e evitar a deportação para a Alemanha. Em 1942 entrou para o Seminário clandestino de Cracóvia, que era dirigido pelo Arcebispo de Cracóvia, o cardeal Adam Stefan Sapieha. Em 1946 foi ordenado sacerdote e depois enviado a Roma para se doutorar em Teologia. Em 1958 foi eleito bispo auxiliar de Cracóvia, e em 1964 eleito Arcebispo. Como bispo participou do Concilio Vaticano II e trabalhou na comissão que elaborou a Constituição pastoral Gaudium et spes. Foi eleito cardeal pelo Papa Paulo VI, em 26 de junho de 1967. Em 16 de outubro de 1978, após a morte de João Paulo I (Albino Luciani) foi eleito Papa e escolheu o nome de João Paulo II. Faleceu no dia 2 de abril de 2005.
João Paulo II teve um pontificado entre os mais longos da história da Igreja. Foram 26 anos e 6 meses de ministério petrino. Um longo caminho de ensinamento, de acontecimentos importantes da história da Igreja e do mundo. Foi o Papa da passagem do segundo para o terceiro milênio, do Jubileu do ano 2000, preparado por ele com celebrações e eventos da vida da Igreja e abriram as prospectivas para a caminhada dos crentes em Cristo. São João Paulo II deixou para a Igreja uma vasta coleção de documentos entre Encíclicas, Exortações apostólicas, Cartas e Constituições apostólicas, discursos, mensagens, motu proprio e outros.
No espírito do Concílio, João Paulo II se fez porta-voz dos sofrimentos e angústias do homem moderno, especialmente no caso da família, com suas sombras e desafios. Um Sínodo dos Bispos realizado por ele, o de 1980, teve como tema a família. E Papa Francisco sublinhou na homilia da missa de canonização: “São João Paulo II foi o Papa da família. Ele mesmo disse uma vez que assim gostaria de ser lembrado: como o Papa da família. Apraz-me sublinhá-lo no momento em que estamos a viver um caminho sinodal sobre a família e com as famílias, um caminho que ele seguramente acompanha e sustenta do Céu”.