Retiro anual do clero: renovação da consagração | Dom Jaime Vieira Rocha

Queridos irmãos e irmãs!

No ano passado, em reunião ordinária do Conselho Presbiteral, decidimos que a data do Retiro Anual dos Presbíteros, seria mudada para a Quaresma, de preferência na primeira semana, ou, quando a festa de São José coincidisse com a 1ª semana, o Retiro seria na semana após o dia 19 de março, como acontecerá nesse ano. Assim, de 25 a 29 de março, os Presbíteros da Arquidiocese de Natal, vivenciaremos o Retiro Anual. Além de ser uma obrigação, conforme o Direito Canônico (cf. Cân. 276 §2 n. 4), o Retiro, também chamado de “Exercícios Espirituais Anuais”, é uma parada para renovação da vocação e da missão dos presbíteros.

Este ano, o pregador do nosso Retiro será o bispo diocesano de Parnaíba, no Piauí, Dom Juarez Sousa da Silva. No Retiro o pregador nos levará a uma reflexão sobre a espiritualidade do padre diocesano e a comunhão eclesial. Será um momento de grande riqueza e de confirmação da sinodalidade presbiteral.

Lembra a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, nas Diretrizes para a formação dos presbíteros da Igreja no Brasil: “O presbítero é por excelência um homem de oração, porque pela sua frequência às Escrituras, aos Sacramentos e à recitação da Liturgia das Horas, e pela sua disponibilidade a encontros fervorosos com o Senhor, ele se torna um especialista das coisas divinas, um místico e mistagogo, capaz de auxiliar os fiéis e todos os que o procurarem a encontrar-se com o mistério de Deus” (n. 64). O Retiro Anual se apresenta, pois, como uma experiência de encontro fervoroso com o Senhor, encontro do qual depende a nossa perseverança. O presbítero é um cristão que vive do encontro pessoal com Jesus Cristo, como afirma o Documento de Aparecida: “O acontecimento de Cristo é, portanto, o início desse sujeito novo que surge na história e a quem chamamos discípulo: ‘Não se começa a ser cristão por uma decisão ética ou uma grande ideia, mas através do encontro com um acontecimento, com uma Pessoa, que dá um novo horizonte à vida e, com isso, uma orientação decisiva’. Isso é justamente o que, com apresentações diferentes, todos os evangelhos nos têm conservado como sendo o início do cristianismo: um encontro de fé com a pessoa de Jesus (cf. Jo 1,35-39)” (n. 243).

No Retiro do Clero, oportunidade de renovação de nossa espiritualidade, somos chamados a empreender o caminho da conversão pessoal que nos leva à conversão pastoral. Permitam-me evocar o pensamento do Papa Francisco sobre pontos importantes de nossa espiritualidade, que se expressa como “caridade pastoral”. “O Evangelho convida-nos sempre a abraçar o risco do encontro com o rosto do outro, com a sua presença física que interpela, com o seu sofrimento e suas reivindicações, com a sua alegria contagiosa permanecendo lado a lado”. Não a uma espiritualidade desencarnada e alienante. Ela chama à comunhão solidária e à fecundidade missionária.  “A verdadeira fé no Filho de Deus feito carne é inseparável do dom de si mesmo, da pertença à comunidade, do serviço, da reconciliação com a carne dos outros. Na sua encarnação, o Filho de Deus convidou-nos à revolução da ternura” (FRANCISCO. Exortação Apostólica Evangelii gaudium, n. 88). Recomendo, sobretudo, a reflexão do papa sobre o mundanismo espiritual, mal que causa em nós asfixia e morte espiritual (cf. FRANCISCO. Idem, n. 93).

Bom Retiro aos nossos padres. Rezem por nós todos, para que sejamos revigorados pelo ar puro do Espírito Santo.

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