A delegação do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla presente em Roma para participar da missa do papa Francisco no sábado (29) ficou atônita. Ao descer ao sepulcro do Apóstolo Pedro, colocado sob o altar da Basílica Vaticana, ao final da missa, o Santo Padre anunciou ao líder da Delegação Ecumênica que desejava dar um presente a seu “irmão”, o patriarca Bartolomeu, sem no entanto revelar naquele momento do que se tratava.
Ao final da celebração, Francisco pede ao arcebispo Job para acompanhá-lo ao carro. Os dois seguem direção ao Palácio Apostólico até chegarem à capela dos aposentos papais. Somente então o Papa pega o relicário que seu antecessor, Paulo VI, colocara na pequena capela, e o oferece ao seu hóspede.
O arcebispo de Telmissos, assim que pode, informou o Patriarca, que recebeu a notícia com imensa alegria, e depois organizou a viagem do relicário a Istambul, onde na manhã deste domingo foi entregue a Bartolomeu por monsenhor Andrea Palmieri, subsecretário do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, também ele em Istambul.
O Patriarca fez o anúncio pessoal e publicamente aos fiéis, durante a celebração da Festa dos Apóstolos, que na Igreja Ortodoxa recorre no dia seguinte à solenidade dos Santos Pedro e Paulo.
“Este é para nós um evento extraordinário e inesperado, que jamais poderíamos imaginar”, disse o arcebispo Job.
Historicamente, as relíquias de São Pedro sempre estiveram em Roma e Roma foi, portanto, meta de peregrinação para os ortodoxos. Houve algumas relíquias que anteriormente haviam feito a viagem a Istambul, mas eram relíquias que haviam sido trazidas pelos Cruzados. Devido às boas relações estabelecidas com a comunidade ortodoxa, depois do Concílio Vaticano II, estas relíquias fizeram o “retorno” a sua pátria.
Desta vez, trata-se de relíquias de São Pedro, e com uma “passagem só de ida” para Constantinopla: “outro passo gigantesco em direção à unidade concreta”, conclui o arcebispo ortodoxo de Telmissos.