A iniciativa está em sintonia com a decisão já tomada, em 2017, em relação a Medjugorje: o Papa Francisco toma particular cuidado com os peregrinos e deseja que os locais de devoção mariana se tornem “cada vez mais um lugar de oração e testemunho cristão que corresponda às necessidades do povo de Deus”.
É o que se lê na carta enviada pelo Pontífice ao arcebispo auxiliar de Lille, dom Antoine Hérouard, comunicando-lhe a decisão de nomeá-lo delegado ad nutum Sanctae Sedis (à disposição da Santa Sé) para o Santuário de Lourdes, na França.
A carta papal foi lida no pequeno centro dos Pirineus, local de uma das aparições marianas mais populares da história, diante dos capelães e responsáveis administrativos do santuário.
A missiva foi divulgada ao meio-dia, hora italiana, desta quinta-feira (6), pelo presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, dom Rino Fisichella, dicastério que há dois anos recebeu do Papa Francisco o encargo de valorizar a pastoral dos santuários.
Segundo a carta, dom Fisichella desempenhou nos últimos meses a missão de “enviado especial” ao santuário que a cada ano recebe milhões de peregrinos provenientes de todas as partes do mundo.
Depois das constatações realizadas por Fisichella, o Papa escreveu: “Gostaria de entender quais outras formas o Santuário de Lourdes pode adotar, além das muitas já existentes, para se tornar cada vez mais um lugar de oração e testemunho cristão que corresponda às necessidades do Povo de Deus”.
O mandato de dom Hérouard, que não deixará o seu cargo em Lillle, será limitado ao santuário. A diocese de Tarbes e Lourdes permanecerão aos cuidados de dom Nicolas Jean René Brouwet.
A nomeação do delegado não é a tempo determinado (como foi ao invés a de dom Hoser, em Medjugorje) e isso significa que, em suas intenções, não se trata de um cargo permanente, mas a tempo, destinado ao cuidado pastoral e espiritual dos peregrinos. O Papa Francisco, que está muito interessado nesse cuidado, deseja acentuar a primazia espiritual com relação à tentação de enfatizar demais o aspecto gerencial e financeiro, e promover cada vez mais a devoção popular que é tradicional nos santuários.
Na Exortação Apostólica “Evangelii gaudium”, o Papa escreveu que “na piedade popular, podemos assimilar a maneira com a qual a fé recebida foi encarnada numa cultura e continua sendo transmitida”. Francisco continuou, citando o Documento de Aparecida que contém as conclusões da conferência do episcopado latino-americano, realizada no mais importante santuário mariano do Brasil. Recordou “as riquezas que o Espírito Santo espalha na piedade popular com sua livre iniciativa”, afirmando que “caminhar juntos rumo aos santuários e participar de outras manifestações de piedade popular, levando consigo também os filhos ou convidando outras pessoas, é em si um ato de evangelização. Não limitamos e nem pretendemos controlar esta força missionária!”.