Dom Orani diz que é preciso unir a sociedade contra a violência

Por Vatican News

Nesta semana foi divulgado um relatório sobre a violência no Brasil que registrou números de alcances históricos: em 2017, o país registrou mais de 65 mil homicídios, um aumento de 4,2% em relação ao ano anterior. Os dados são do Atlas da Violência 2019 que traz o mapeamento das mortes violentas feito pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), com base em dados de 2017, coletados pelo Ministério da Saúde.

De passagem por Roma, o cardeal Orani João Tempesta, arcebispo metropolitano do Rio de janeiro, comentou “a estatística ruim para o país” e exortou a união de forças para “se fazer algo para a convivência pacífica”.

“Muitas das questões de violência vêm de tantos desequilíbrios, droga, roubos e latrocínios, a situações de vinganças e outras tantas tão variadas. Isso se vive em todo o país. O Rio de Janeiro não é a cidade mais violenta do Brasil, embora pareça isso muito pela mídia, devido à posição e tradição da cidade. Mas no meio dessas questões todas tem muita gente boa, pacífica e que quer a paz, que é a maioria das pessoas. Eu creio que algo deve ser feito por toda a sociedade brasileira, tantos as igrejas, como as organizações, entidades sociais e governos, porque só um grupo não consegue dar conta dessa transformação social que exige, que supõe mudança social, mais justiça social, paz e perdão. Só com prisão não resolve, porque mesmo na prisão se mata. Só com castigo não resolve, porque não muda a mentalidade. Eu creio que precisamos unir toda a sociedade para termos algum resultado daqui a algum tempo.”

Quando visita as prisões, comenta Dom Orani, “a maioria dos detentos está dentro da classificação” apontada pelo relatório, de que o perfil com maior possibilidade de morte corresponde a um homem jovem, negro e solteiro: 75% das vítimas de homicídio em 2017 eram negras ou mulatas. O relatório também indica o aumento de casos de feminicídio que chega a 13 por dia no país.

“É uma das questões que eu tenho pensado e não cheguei a uma conclusão ainda. Há esse aumento da violência contra a mulher, quando tantas leis foram feitas no país pra defender a mulher. De um lado demonstra a ineficácia das leis, e de outro uma mentalidade de machismo que não respeita a mulher.”

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