Dom Lucena, bispo de Nazaré (PE), recebe título de cidadão pernambucano

O bispo da Diocese de Nazaré (PE), dom Francisco Lucena, se tornou o mais novo cidadão pernambucano. O título foi concedido ao religioso, nesta terça-feira (3), pela Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) em sessão solene que contou com a presença de amigos e fiéis.

Dom Lucena tem 58 anos e é natural da cidade de Jardim do Seridó (RN). Ordenado padre em 1991 e bispo em 2008, o pastor assumiu a cátedra da Diocese de Nazaré em 2016.

“’Lux Vestra Luceat’ [“Que brilhe a vossa luz” – Mt 5,16] é também o lema episcopal de dom Francisco de Assis Dantas de Lucena, representante do Papa Francisco, outro Francisco, na sua trajetória à eternidade, a quem temos a honra de receber aqui na Assembleia Legislativa do Estado, para entregar-lhe o título honorífico de cidadão pernambucano na noite de hoje”, afirmou o deputado Clodoaldo Magalhães, autor da propositura do título.

Em um discurso comovido, dom Lucena expressou sua gratdidão atribuindo o título que estava recebendo à Diocese de Nazaré. Mais que minha pessoa, é a Igreja que o recebe, declarou.

Confira, na íntegra, o discurso de dom Lucena na Alepe:

Excelentíssimos Senhores Deputados: Senhor Presidente desta sessão solene, Deputado Joaquim Lira; Deputado Clodoaldo Magalhães, Autor da propositura de concessão do título de Cidadão Pernambucano à minha pessoa; Deputado Antônio Moraes; prefeito de Nazaré da Mata, Inácio Manoel do Nascimento; prefeito de Macaparana, Paulo Barbosa da Silva; bispo auxiliar de Olinda e Recife, Dom Limacêdo Antonio; padre Marisaldo Barbosa (Diocese de Nazaré), seminaristas maiores, demais autoridades presentes, meus senhores, minhas senhoras, meus amigos.

Permitam-me uma palavra comovida de agradecimento pela concessão deste título de cidadão pernambucano, que muito me honra.

O Estado de Pernambuco é a sétima unidade federativa mais populosa do Brasil, fazendo parte do seu território os arquipélagos de Fernando de Noronha e São Pedro e São Paulo. Estar aqui, nesta casa, como pernambucano, com todos aqui presentes, é para mim um grande estímulo e incentivo em minha caminhada. Uma presença de apoio, de encorajamento, que sinaliza o que o Espírito Santo de Deus faz conosco: sempre nos animando, dando um voto de confiança, para que sejamos cada dia melhores.

Este título atribuo à Igreja Católica Apostólica Romana, à Diocese de Nazaré, da qual sou bispo neste Estado. Mais que minha pessoa, é a Igreja que o recebe. Não ignoro que outros talvez mereçam mais que eu este título, mas com humildade o acolho em respeito a todos que, ao se fazerem presentes aqui, o aprovam. Meu muito obrigado!

Pernambuco com sua história, riquezas, encantos, lutas, cultura, movimentos e religião, com suas várias manifestações tradicionais. Com a presença da Igreja Católica Romana, desde os primórdios, nestas Terras de Santa Cruz, é inegável a presença da Igreja Católica neste Estado de Pernambuco. Que Pernambuco possa cultivar suas raízes cristãs, preservando os valores cristãos da justiça, da partilha, da fraternidade e da paz. Assim, todos terão, a partir da fé cristã, a verdadeira dignidade humana, que não existe sem Deus. Pois “se não é Deus que constrói, em vão trabalham os construtores” (Sl 127).

A maravilha do pavilhão estadual que contém a Cruz de Cristo e a beleza do seu hino em que Pernambuco convida o seu povo a viver da imortalidade ao lado de Deus:

“Salve, ó terra dos altos coqueiros,
de belezas soberbo estendal!
Nova Roma de bravos guerreiros,
Pernambuco imortal! Imortal!”

Ser cidadão pernambucano é comprometer-se a trabalhar pela união de todos, em torno de princípios que levem a população ao desenvolvimento e progresso, capazes de trazer não somente pão e trabalho para todos, mas sobretudo dignidade. E aqui entra a fé em Deus. É preciso pautar o desenvolvimento com a fé em Deus e resgatar os Dez Mandamentos da Lei de Deus, que está na Sagrada Escritura, bem como as Bem-aventuranças que Jesus nos ensinou como normas de vida. Isto não somente nos trará a paz, mas também o progresso, porque nos ajudará a combater o egoísmo e a inveja.

O povo pernambucano sonha com o progresso deste Estado. É próprio do ser humano imaginar horizontes imensos, vastos como sua imaginação. Nossos sonhos fazem nascer em nós o desejo de mudar o mundo em que vivemos, não nos conformando passivamente com a realidade que nos cerca. No mais profundo do coração dos que sonham há uma força que os impulsiona, que os deixa inconformados e os torna capazes de dar a vida para a construção de um mundo melhor.

Temos sonhos porque o Criador faz arder em nosso coração a chama do infinito. “Feliz de quem atravessa a vida tendo mil razões para viver”, dizia Dom Helder Câmara. É em vista dessas razões que vivemos inquietos e inconformados, que trabalhamos e nos colocamos a serviço dos outros, que sofremos e enfrentamos desafios. Mas em que direção caminhamos? Conseguiremos acabar com as exclusões e com as diferenças gritantes que nos rodeiam? Devemos caminhar convictos de que, assim como Jesus acompanha nossos passos a cada dia de nossa vida, Ele nos acolherá no final, se lhe formos fiéis. Afinal, Ele é nosso principio, nossa vida e nosso guia; é nossa confiança e nosso fim.

O título de cidadão pernambucano comoveu-me e me deixou feliz, porque agora me sinto mais integrado à comunidade deste Estado, no qual a Diocese de Nazaré está inserida. Abrir espaço para os que chegam, integrar, ser abraçado pela coletividade, é este o significado do título que me deram. Mas ele enaltece também esta Casa que, ao conferir esta honraria em nome do povo, a alguns membros da comunidade, demonstra a grandeza daqueles que conhecem o mandamento bíblico de acolher os peregrinos, sem discriminá-los.

Quando vim para a Diocese de Nazaré, neste Estado de Pernambuco, designado pelo Papa Francisco como seu oitavo Bispo Diocesano, cheguei como peregrino, firmado na fé de estar cumprindo a vontade de Deus em minha vida. Fui conhecendo inúmeras pessoas e entidades de todos os setores da sociedade pernambucana.

Este título de cidadão permite sentir-me acolhido entre este povo generoso e trabalhador. Meus sinceros agradecimentos a todos, em especial ao Deputado Clodoaldo Magalhães. Que Deus abençoe sua família e seu mandato em favor de nossa população, especialmente dos mais necessitados, pobres e carentes.

Muito se progrediu e muito já foi feito em favor de Pernambuco. É preciso continuar a trabalhar por um Pernambuco assim: mais humano, onde haja amor e paz para todos, e uma convivência sem exclusão. Isto fará Pernambuco renascer a cada dia, com projetos ousados, principalmente na área social. Isto é possível, por mais difícil que seja o momento histórico que atravessa nossa nação e o mundo. Saibamos que o futuro deste Estado passa pela solidariedade, mesmo que custe o próprio sangue e a vida, como expressa a bela canção da polícia militar de Pernambuco:

“Do sertão, do agreste e da mata
Das campinas ridentes em flor
Esta força de filhos se integra
Que a servem com fé e amor.
Lá de cima dos montes sagrados,
Guararapes, com sangue e com vida,
Camarão e avós indomáveis,
Nos legaram esta Pátria querida”.

Que Pernambuco possa florescer cada dia, transformando as dificuldades da vida em flores que perfumam a vida de todos. Florescer lembra jardim, e eu nasci em Jardim do Seridó, no Rio Grande do Norte; jardim lembra o Jardim do Paraíso, no qual Deus criou o ser humano segundo o relato bíblico. Que Pernambuco tenha o sonho de ser um jardim onde o ser humano conviva em paz com os outros e com a natureza, mas sobretudo com Deus.

Como todos os Senhores e Senhoras, cidadãos e cidadãs deste Estado, eu amo Pernambuco e, de agora em diante, muito mais ainda como seu cidadão. MUITO OBRIGADO A TODOS!

Recife-PE, 03 de maio de 2022

Dom Francisco de Assis Dantas de Lucena
Bispo de Nazaré – PE

Com informações da Pascom Nazaré (PE)
Fotos: Leôncio Francisco

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