Deus doa-nos o seu tempo, Dom Manoel Delson

O tempo do Advento faz parte da rotina litúrgica dos fiéis católicos e tem a missão de educá-los no caminho da fé. É um caminho de fé e de esperança que deve ser vivido na experiência comunitária, juntos. Trata-se de um tempo marcado pelo despertar dos corações, para que esses vivam na expectativa do retorno de Cristo, fazendo memória da sua primeira vinda, quando para salvar a humanidade despojou-se da sua Glória divina para nos assumir em nossa débil carne.

O que exige a liturgia do Advento? Para os que crêem em Jesus Cristo, o Advento exige a vigilância (Mc 13, 33-37) e a sobriedade no estilo de vida. Vigiar significa seguir o Senhor, e mais: fazer as mesmas escolhas de Cristo, amar com alegria o que Ele amou, afeiçoar o próprio estilo de vida com a sua. Para nós cristãos a marca da sobriedade é como o brilho de Cristo no coração do mundo. Devemos viver o Evangelho com suas exigências salvadoras com o mesmo coração dos pobres da Bíblia. A exemplo da Virgem Maria, a Mãe de Jesus, devemos viver com o essencial, tendo a Deus como único fundamento da nossa vida. Somente os sóbrios, os simples, educam-se para as coisas que não passam. Na rotina do Advento aprendemos a lançar mais calmamente nosso olhar para a eternidade, pois a vida humana não se esgota somente na história, mas está orientada para o céu, como uma planta que desabrocha da terra e se abre para a Pátria do céu.

Outrossim, vale a reflexão sobre o tempo. A Igreja, na alegria e na esperança do Advento, ocupa-se de dar ao mundo e aos homens a grande “boa notícia”: Deus doa-nos o seu tempo. O mundo moderno já se acostumou a dizer que tem pouco tempo, os homens e mulheres desaprenderam a guardar tempo para Deus. A liturgia do Advento, nestas quatros semanas, diz àqueles que Deus continua tendo tempo para nós, que a rotina do nosso tempo humano, com seus inúmeros afazeres, só encontra sentido quando se submete ao seu Reino de Amor. A alegria da espera do Advento prepara-nos para a chegada de Deus entre nós, do Deus que se fez criança, abrindo mão de Sua glória para nos ensinar a potência do amor, do amor que sempre vence o ódio e a inimizade. Deixemo-nos invadir por esse amor que se dá no nosso humano tempo!

Dom Manoel Delson

Arcebispo Metropolitano da Paraíba

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