Carta Sacerdócio, Religiosos e demais Diocesanos. Dom Dulcênio Fontes de Matos

Palmeira dos Índios, 11 de outubro de 2017,

Memória de Nossa Senhora Cheia de Graça e de São João XXIII.

 

 

Caros irmãos no Sacerdócio, Religiosos e demais Diocesanos,

 

Ao dirigir-me a vós, como sempre o faço, falo-vos nos sentimentos de Cristo Pastor; numa proximidade afetivo-espiritual que, por iniciativa divina, foi sendo construída e amadurecida ao longo de mais de uma década. Entretanto, especialmente hoje, esta estreita proximidade traveste-se de um ar emotivo ainda maior: após ter sido contactado por parte de Sua Santidade, o Papa Francisco, cabe a mim comunicar-vos, pela presente carta, a minha nomeação para Bispo Diocesano de Campina Grande, no Estado da Paraíba.

Confesso-vos que estes dias (para ser mais exato: desde o último 26 de setembro) têm sido muito difíceis para mim. Desde quando recebi a notícia por parte do senhor Núncio Apostólico, Dom Giovanni d’Aniello, o meu coração ficou pequenino, não apenas por causa da novidade da missão que me espera, antes pela separação daquela em que já estou. Toda extensão da Diocese de Palmeira dos Índios tornou-se o meu torrão; a sua gente, extensão da minha família. À Palmeira dos Índios que há onze anos, um mês e dois dias me viu chegar, sob as aclamações de ‘Bendito o que vem em nome do Senhor!’, escutará de seu Bispo uma despedida que, particularmente, lhe dilacera o coração. Mas se a dor da despedida já se faz latente, olhando Aquele que vocaciona com os Seus desígnios de mistério e amor, sempre me vem à mente o que disse o mesmo Senhor quando ensina os seus a rezarem: “Seja feita a Tua vontade na terra e no Céu!” (Mt 6,10).

Neste exato momento, também me vem à recordação uma grande quantidade de amigos que fiz ao largo de todo este tempo. De maneira especial, reporto-me ao Clero Diocesano, aqueles que foram os meus cooperadores imediatos: como foi bonita a nossa caminhada! Levo daqui a certeza de que fui pai de todos os padres, desde o amor às palavras de encorajamento para as virtudes. Vossas Reverendíssimas que foram pontes para que o Bispo chegasse, não apenas às distantes comunidades, mas aos corações dos nossos fiéis. Aos seminaristas: quanto espero em saber que estais correspondendo com largueza e generosidade ao Senhor da Messe. Aos religiosos e religiosas, que, fiéis aos seus carismas, sois aliados para a realização da missão da Igreja sob o encargo do Bispo. Às famílias desta Diocese que puderam desenvolver em vossas Igrejas domésticas o que a minha função pastoral urgia que eu vos ensinasse. Àqueles que, diuturnamente, estiveram como auxiliares na minha missão episcopal, Catequistas, Agentes de Pastoral e Movimento, cristãos leigos, conscientes do vosso papel de batizados. Penso também nos Missionários e jovens da Pastoral Juvenil, CCC e TLC. Levar-vos-ei todos no meu coração gratificado!

Numa ocasião como esta, a expressividade em palavras diminui porque é grande a emoção. Mas, não trato a emoção como um simples choro ou como outra manifestação afim. Não. Trato-a como expressão de fé. Assim, meus caros diocesanos, não posso dizer-lhes um adeus, porque, independentemente, de minha presença física, graças à emoção da fé, estaremos unidos na oração, mais particularmente diante do Altar e do Sacrário. Não podemos relegar a uma atitude breve de despedida a gratidão que foi sendo construída por anos!

Deixo a Diocese de Palmeira dos Índios, onde reina a Senhora do Amparo, e rumo à de Campina Grande, sob a égide de Nossa Senhora da Conceição. Digo que a Virgem Maria nunca me abandona. E, convictamente, afirmo por ser ela padroeira de todas as paróquias que assumi e de todas as dioceses por onde passei. Alguns podem dizer-me que é uma feliz coincidência: certamente não é. Antes é um sinal de que, como Maria Santíssima, sempre dócil à vontade de Deus, também eu devo experimentar, diária e instantemente, fazer “tudo o que Ele vos disser!” (Jo 2,5).

 

A todos vós, cordialmente, abençoo,

 

 

Dom Dulcênio Fontes de Matos

Bispo eleito de Campina Grande

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