Arquidiocese convida para reabertura da antiga concatedral de São Pedro dos Clérigos

A Arquidiocese de Olinda e Recife realiza a cerimônia de reabertura da igreja de São Pedro dos Clérigos, antiga concatedral, nesta quarta-feira, 27/12 (18h). A programação da reabertura tem início a partir das 18h, com apresentação do Quinteto de Cordas da Orquestra Criança Cidadã, do Quarteto Encore e a celebração eucarística presidida pelo arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido, às 19h30. Desde 2012 o histórico templo vem passando por cuidadosos projetos de restauro e manutenção.

A igreja de São Pedro dos Clérigos faz parte da irmandade de São Pedro dos Clérigos e desde 2014 as igrejas integrantes das irmandades estão sob intervenção da Arquidiocese, situação que as torna “oratórios particulares” do arcebispo, via decreto. Com esta medida, os oratórios particulares ganham autonomia para atender aos desígnios do arcebispo. No caso de São Pedro dos Clérigos, na cerimônia de reabertura, o arcebispo nomeará um reitor para administrar a antiga concatedral, o padre Rinaldo Pereira, que é o atual moderador da Cúria, presidente da Comissão de Cultura, pároco de São Frei Pedro Gonçalves e diretor do Museu de Arte Sacra de Pernambuco.

A partir de 1918, com a edição da Bula “Cum urbs Recife” do Papa Bento XV, a Arquidiocese e Sede Metropolitana passou a denominar-se Arquidiocese de Olinda e Recife e a igreja de São Pedro dos Clérigos, no Recife foi elevada à condição de concatedral, uma espécie de vice-sede do arcebispado. Vale ressaltar que a catedral da Sé de Olinda permanece sendo a igreja-mãe da Arquidiocese. A palavra cátedra deriva de cadeira, sede ou sé, de onde emana a palavra do arcebispo, o pastor da igreja. Cada diocese ou arquidiocese possui uma catedral ou sede. Sendo esta arquidiocese de duas cidades, Olinda -historicamente a primeira, que adotou a Sé de Olinda como catedral, e Recife – posteriormente em 1918, tornou-se catedral “com Olinda” (concatedral), adotando a igreja de São Pedro dos Clérigos. Em 17/10/1933, o decreto da Santa Sé, assinado pelo papa Pio XI e editado pela Sagrada Congregação Consistorial, atendeu ao pedido de dom Miguel Lima Valverde e o título de concatedral foi transferido da igreja de São Pedro dos Clérigos para a igreja da Madre de Deus.

A Irmandade de São Pedro dos Clérigos, criada em 26 de junho de 1700, comprou, quase 20 anos depois, uma horta e seis casas situadas no meio das Águas Verdes, no bairro de Santo Antônio da Vila do Recife, para a construção de uma igreja própria. Uma inscrição na portada da igreja informa que o início das obras ocorreu em 3 de maio de 1728. Estavam presentes frei José Fialho e o provedor da Irmandade. O projeto é de Manuel Ferreira Jácome. O consistório, a capela-mor e a sacristia ficaram prontos já em 1729, mas o corpo da igreja e a parte central da fachada só foram terminados em 1759. Em seguida construíram-se as duas torres sineiras. O Comendador Padre Antônio Martins, Vigário da Vila de Bom Jesus, foi um dos entalhadores. João de Deus Sepúlveda realizou a pintura do forro da nave em 1764, auxiliado por Manuel de Jesus Pinto, que pintou o coro. A sacristia, com o altar de Nossa Senhora da Soledade, foi inaugurada em 1781. Inácio Melo Albuquerque foi o mestre-dourador das obras de talha, terminadas em 1784. O edifício faz parte de um conjunto arquitetônico característico, de grande importância, erigido em torno do Pátio de São Pedro.

Além de sua importância religiosa, em determinado período a igreja tornou-se um ativo centro de música sacra, chegando a ter como Mestre de Capela o pernambucano Luis Álvares Pinto (17191789), uma das grandes figuras da música colonial brasileira.

Arquitetura – A sua estrutura é incomumente verticalizada, com monumental portada de rico trabalho em cantaria. No corpo central, além da portada, vemos uma janela em meio arco abatido, com balaústres e adornos em cantaria que se unem à portada, e, acima, um frontispício ornamentado com volutas, pináculos e uma cruz, além da imagem de São Pedro no nicho do tímpano. Os cunhais são de pedras regulares. As torres possuem janelas que se abrem internamente para o coro, emolduradas por balaústres e ornamentação de cantaria. Acima destas e abaixo do cornijamento reto há uma janela menor de verga reta em cada torre, com sobreverga curva. As janelas sineiras apresentam um desenho em arco pleno, e o coroamento das torres é feito por uma balaustrada, pináculos e cúpula de arestas sobre base prismática. O interior guarda um trabalho de talha no estilo D. João V, com elementos rococó nos balcões e sanefas das tribunas, na capela-mor, na nave e na base do altar-mor.

As obras de talha do retábulo do altar-mor não são originais. A primeira decoração foi substituída na reforma ocorrida em 1858, que alterou o estilo para o neoclássico. Durante uma segunda restauração, levada a cabo entre 1953 e 1957, substituiu-se a cobertura (sem interferir no forro) e o madeiramento de sustentação, e recuperou-se novamente o altar, adotando-se uma intervenção alternativa que removeu repinturas posteriores que anulavam o efeito de relevo dos entalhes. Como este segundo retábulo não foi dourado originalmente, sendo apenas coberto por uma camada de tinta a óleo branca, permanece visível a madeira natural.

O Pátio de São Pedro – A área defronte à Igreja, chamada de Pátio de São Pedro, conserva em seu entorno um belo conjunto de 29 casas baixas coloniais, com um ou dois pavimentos, dominadas pelo corpo imponente da igreja ao fundo. O Pátio possui um calçamento de pedras irregulares do século XIX e um gradil de ferro que delimita o átrio da igreja, cujo piso é de ladrilhos de barro.

Os espaços do Pátio e adjacências sempre estiveram muito ligados aos movimentos culturais e históricos da cidade. À medida que o centro da cidade foi se desenvolvendo, as residências deram lugar a estabelecimentos comerciais, incluindo lojas, bares e restaurantes, que atraíram artistas, intelectuais e profissionais liberais até se tornar um ponto de convergência da vida cultural recifense.

Todo o conjunto foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1938. A sua disposição geral, salvo pequenas alterações, permanece a mesma das primeiras igrejas da vila. Em nível municipal, a área está classificada como Setor de Preservação Rigorosa. Em 1970 as casas foram desapropriadas e toda a área foi recuperada. Em 12 de outubro do mesmo ano, o pátio foi inaugurado como pólo turístico.

Serviço: Reabertura da igreja concatedral de São Pedro dos Clérigos

27/12 (quarta-feira), 18h

Endereço: Pátio de São Pedro, s/n, São José, Recife

Telefone: 3224-2954    [email protected]

(Pascom Arquidiocese)

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