A promessa do Espírito

Dom Jaime Vieira Rocha
Arcebispo da Arquidiocese de Natal

Ao nos aproximar das últimas semanas do Tempo Pascal, vivido desde o Domingo da Ressurreição, 12 de abril, até o Domingo de Pentecostes, que será celebrado no próximo dia 31, somos exortados por Jesus ressuscitado quanto à sua promessa do envio do Espírito Santo. No Evangelho segundo são João, nos capítulos 14, 15 e 16 que, com o capítulo 13, formam o bloco dos discursos de despedida, Jesus fala do Espírito Santo que deveria vir e ser derramado sobre os seus discípulos e discípulas.

De fato, ouvimos de Jesus essa promessa: “Se me amais, guardareis os meus mandamentos. E eu pedirei ao Pai, e ele vos dará um outro Paráclito (Defensor), para que permaneça sempre convosco” (Jo 14,15-16). O primeiro ensinamento sobre o Espírito Santo que virá é que Ele dado pelo Pai a pedido de Jesus. O Mestre de Nazaré deseja que nós tenhamos o Espírito Santo. E podemos dizer: o mesmo Espírito que agiu em sua vida. Na verdade, até a concepção de Jesus foi por obra do Espírito Santo (cf. Lc 1,35; Mt 1,20). Ele recebe o Espírito Santo, quando do início de sua missão pública. Ao ser batizado por João Batista, no Rio Jordão, o Espírito Santo desce sobre Jesus, em forma de pomba (cf. Mt 3,16; Mc 1,10; Lc 3,21-22; Jo 1,32-33. Cf. também o que o mesmo Jesus diz de si mesmo, assumindo a profecia de Isaías 61,1s, em Lc 4,14-30 e o que Pedro diz em At 10,37-38). Quando Jesus ressuscita, ou quando o Pai o ressuscita dos mortos, Jesus fica repleto do Espírito e ele dá o Espírito aos seus seguidores (cf. Jo 20,22. Também Pedro fala do Espírito como dom do Ressuscitado aos seus seguidores: At 2,33). Que o Espírito Santo esteja presente na vida dos seguidores de Jesus, reconhece a própria Igreja quando proclama que ela é guiada pelo Espírito Santo. “Vós sois a alma da Igreja”, exclama um hino muito antigo.

O Espírito Santo realiza a comunhão de Deus conosco. Isso é vivido e celebrado na Eucaristia. No momento da consagração do pão e do vinho, em que o presidente da celebração, repetindo as palavras de Jesus na última ceia, momento que a Igreja denomina de “Transubstanciação”, isto é, o pão e o vinho se transformam no Corpo e no Sangue de Cristo, a Igreja o faz por obra do Espírito Santo. De fato, é feita uma invocação do Espírito Santo (epiclese, em grego) antes das palavras sobre o pão e sobre o cálice: “Na verdade, ó Pai, vós sois santo e fonte de toda santidade. Santificai, pois, estas oferendas, derramando sobre elas o vosso Espírito, a fim de que se tornem para nós o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo, vosso Filho e Senhor nosso” (Oração Eucarística II); “Por isso, nós vos suplicamos: santificai pelo Espírito Santo as oferendas que vos apresentamos para serem consagradas, a fim de que se tornem o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo, vosso Filho e Senhor nosso, que nos mandou celebrar este mistério” (Oração Eucarística III).

Mas, não só para esse momento a Igreja invoca o Espírito Santo. Há uma segunda “Epiclese”, após a consagração do pão e do vinho, a Igreja pede que o Espírito Santo realize a comunhão entre os irmãos e irmãs:  “E nós vos suplicamos que, participando do Corpo e Sangue de Cristo, sejamos reunidos pelo Espírito Santo num só corpo” (Oração Eucarística II); “Olhai com bondade a oferenda da vossa Igreja, reconhecei o sacrifício que nos reconcilia convosco e concedei que, alimentando-nos com o Corpo e o Sangue do vosso Filho, sejamos repletos do Espírito Santo e nos tornemos em Cristo um só corpo e um só espírito” (Oração Eucarística III).

A promessa do Espírito Santo que Jesus faz deve animar nossos corações e instigar-nos à decisão de segui-lo. E mais, o seguimento a Jesus ou “discipulado”, é vida segundo o Espírito Santo e quer dizer vida com sentido, responsável e cheia de caridade para com o próximo. Estamos cientes disso? Peçamos ao Senhor que o seu Espírito encha a face da Terra e nos dê coragem para continuarmos a sua missão de levar a boa nova a todas as pessoas.

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