Por dom frei Manoel Delson Pedreira da Cruz, OFMCap*
Jesus, na Sua última subida terrena para Jerusalém, explica-nos sobre a porta estreita do céu. Alguém pergunta a Ele: “Senhor, são poucos os que se salvam?” (Lc 13,23). O Divino Mestre, como um maravilhoso pedagogo da fé, responde falando sobre o esforço próprio da vida cristã: “Fazei todo esforço possível para entrar pela porta estreita. Porque eu vos digo que muitos tentarão entrar e não conseguirão” (Lc 13,24).
Diante de tão concreta resposta, poderíamos nos questionar, o Reino de Deus pertence somente a alguns poucos eleitos? Não. O Evangelho de Jesus não se aplica ao entendimento que assegura a prática da religião como fonte de privilégios e de garantismos. A salvação de Deus é sempre um dom, um presente que deve ser acolhido com o esforço das virtudes, mas é sempre um dom que recebemos das mãos do Senhor.
A mensagem de Nosso Senhor, ensinada pela completa revelação das Escrituras Sagradas, assegura que todos os homens e mulheres podem entrar na vida eterna, mas atenção: a porta é estreita para todos. Não há privilégios para ninguém. A porta do céu é estreita porque o amor de Cristo é exigente, requer a atitude contínua do compromisso com a vida e com as necessidades dos irmãos à nossa volta.
O Senhor nos espera no céu, mas não se trata de uma espera quietista. Ele nos espera com suas mãos estendidas sobre a terra, Sua salvação é universal e continua operante durante o desenrolar da história humana: “A porta da misericórdia de Deus está sempre aberta de par em par para todos! Deus não faz diferença, mas acolhe sempre a todos, sem distinção. E a salvação que ele nos dá é um fluxo incessante de misericórdia que derruba todas as barreiras e abre surpreendentes perspectivas de luz e de paz” (Papa Francisco).
Na missão da Igreja no mundo, contamos com os ensinamentos dos catequistas. Este são os grandes pedagogos da fé na vida da comunidade paroquial. Ensinam nossas crianças e jovens com bastante dedicação e têm a missão de, acima de tudo, ensinar a amizade com o Senhor. Sim, eles ensinam o Evangelho que outra coisa não é senão, a oportunidade de estreitar os laços de amizade com Aquele que nos espera no céu.
Muito fazemos para obter o melhor desenvolvimento catequético, e devemos esforça-nos por este, mas o mais importante é dar às nossas crianças o coração do Evangelho: a Misericórdia de Deus. Com os nossos catequistas, esforcemo-nos em ajudar os pequeninos a conhecer o caminho de Jesus, isto é, o caminho da Misericórdia de Deus que passa pelas virtudes e pelo sacrifico de si.
*Arcebispo da Arquidiocese da Paraíba e referencial para a Cáritas NE 2