Como fazer com que as Comissões da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) possam traduzir para realidades com que elas trabalham as Diretrizes Gerais da Igreja no Brasil 2019-2023? Esta foi uma das provocações que o bispo auxiliar do Rio de Janeiro e secretário-geral da entidade, dom Joel Portella fez aos participantes do Fórum das Pastorais Sociais que se encontra-se reunido em Brasília desde terça-feira (30) com término nesta sexta-feira (2).
Segundo dom Joel, o mundo vive um momento de mudanças muito grandes. Neste contexto, ele afirmou que é preciso responder tanto as consequências mais imediatas, como o aumento da miséria, da pobreza e todas as formas de exclusão, como também encontrar formas criativas para transformar, a partir de dentro, este mundo que gera esta pobreza e sofrimento. “Esse é um dos grandes desafios das nossas diretrizes para as comunidades eclesiais missionárias”, disse.
Democracia e realidade urbana
Ermínia Maricato, arquiteta, urbanista e professora aposentada da Universidade de São Paulo (USP) aprofundou com os participantes o tema da democracia, as cidades e a mobilidade urbana. “Democracia se faz, principalmente, onde as pessoas moram e frequentam, se faz a partir dos bairros, das escolas, das igrejas”, disse. Na avaliação da professora, isto foi abandonado pelas forças democráticas do Brasil.
“É fundamental retomar e reconstruir a democracia brasileira passando pelas cidades grandes, médias e pequenas, em todas as regiões do país, respeitando a incrível diversidade que nós temos no país – ambiental, econômica, regional e cultural”, disse.
Os desafios apresentados pela professora provocaram o grupo a avançar para uma articulação das Pastorais que atuam no mundo urbano. Segundo o representante da Pastoral Operária Jardel Neves Lopes, de Curitiba (PR), um grupo foi criado com o objetivo de traçar ações conjuntas específicas para as pastorais sociais que atuam exclusivamente no mundo urbano, um dos temas centrais das novas diretrizes da Igreja no Brasil.
O grupo de 50 pessoas que atuam com diferentes realidades sociais, composto por representantes das Pastorais Sociais, organismos e regionais da CNBB, refletiu sobre o momento sociopolítico e eclesial no Brasil. Compartilhou as experiências das articulações locais e nos regionais da CNBB. Também avaliou o Plano Quadrienal 2016 a 2019 e aprofundou as novas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (2019-2023), tendo em vista a elaboração de um novo plano de trabalho da Comissão para o próximo quadriênio.
O encontro foi organizado pela Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Sociotransformadora da CNBB cujo presidente é dom José Valdeci dos Santos, bispo de Brejo (MA). O novo presidente e os novos bispos eleitos para acompanhar o trabalho da Comissão foram acolhidos pelos participantes.
Rosilda Ribeiro Rodrigues Salomão, coordenação nacional da Pastoral Carcerária para a questão da mulher presa, Três Lagoas (MS): “Este encontro tem sido muito produtivo, pois o contato direto com as diretrizes e o estudo em conjunto nos aponta que Jesus, conforme caminhava com o povo, ia apresentando e revelava o projeto do Reino de Deus de amor e de esperança. Devemos, mesmo na dor, seguir servindo na alegria do Evangelho, porque somos simples instrumentos que o Senhor vai regando e as sementes vão crescendo no tempo de Deus e no momento certo”.
Gilberto Lima, coordenação regional da Pastoral da Juventude do Maranhão, representante das Pastorais Sociais do Regional Nordeste 5: “Estar aqui nestes dias de formação, diálogo e escuta sobre as Pastorais Sociais e as lutas pelo povo em busca de esperança, nos ajuda a ver o sentido da vida e que a gente deve continuar trabalhando juntos e esquecer a divisões. Como a gente vê que as Pastorais Sociais, os padres e bispos aqui presentes estão dando este valor à juventude, lembrando que ela é importante nesta caminhada, a gente vê que o trabalho pastoral que a gente faz é fruto de tudo isto. Esses dias, as discussões e questionamentos aqui estão sendo bem proféticos para todas as pastorais e organismos presentes”.