Uma coletânea de cartas escritas pelo monge beneditino Dom Basílio Penido, que foi abade do Mosteiro de São Bento, em Olinda, deu origem ao livro “Caros Olindenses – Cartas de Dom Basílio Penido, OSB”, lançado na noite desta quinta-feira (13/12), no Palácio Arquiepiscopal do Manguinhos, no Recife. Organizado por Ricardo Japiassu Simões e Ana Margarida Müller Vasconcelos, o livro traz cartas dirigidas aos monges e oblatos beneditinos olindenses em 1985, por ocasião da estada do abade na Terra Santa.
O arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido, participou do lançamento do livro, dizendo-se feliz em abrir as portas da Cúria para este momento. “Fui acolhido no Mosteiro de São Bento por dom Basílio e sempre tive por ele uma admiração muito grande pelo equilíbrio, compreensão e serenidade que teve diante de minhas limitações de iniciante”, disse o arcebispo. “A visão de dom Basílio, de ter a paciência de acolher e salvar uma vocação, me faz profundamente grato”, comentou.
Ricardo Japiassu explica que os oblatos beneditinos guardaram por muitos anos uma série de cartas de dom Basílio, escritas durante viagens ao exterior. “Dentre toda essa riqueza, escolhemos publicar as da viagem dele para a Palestina, um tempo sabático, por julgarmos importante essa busca da gênese, da raiz da Igreja, uma viagem que não foi turística, mas um confronto consigo mesmo”, concluiu. Para o jornalista, o resgate de textos registrados em um veículo em desuso, como as cartas feitas à mão, “traz a satisfação de contribuir para o mundo secularizado com um testemunho de fé, especialmente nesse tempo do Advento, numa lembrança de que as pessoas não devem banir Deus de seus dias”.
Foram nove meses de revisão, realizada com esmero por Ana Margarida, conferindo nomes de pessoas e locais, traduzinho citações em hebraico, latim, alemão e italiano. “Um trabalho que resultou numa leitura fácil, para reflexão no dia-a-dia”, disse a revisora.
Para o arcebispo de Olinda e Recife, o livro traz uma contribuição que vai além do registro histórico. É a possibilidade de os pernambucanos conhecerem um pouco mais sobre a pessoa simples que fez bem a tantas pessoas. Dom Fernando conta que, durante o período da ditadura militar, quando ainda estava no Mosteiro, via sempre uma movimentação diferente, de pessoas estranhas pelo pátio, e depois ficava sabendo que eram perseguidos políticos protegidos por dom Basílio. “Ele escondia muita gente no Mosteiro, salvava vidas, era muito ligado a dom Helder”, disse o arcebispo.
Dom Basílio Penido era carioca, filho de um oficial da Marinha que sonhou para ele o destino de um médico, importante naquela época. Guardando sua vocação monástica, na primeira metade dos anos 1930, fez vestibular, passou, cursou medicina, concluiu e entregou o diploma ao pai, dizendo: “Sou médico e amanhã vou ingressar no mosteiro”. Foi ordenado sacerdote em 1942, no Rio de Janeiro, foi diretor do Colégio de São Bento no Rio de Janeiro e em Olinda e chegou a ser Abade Presidente da Congregação Beneditina Brasileira, missão abraçada por mais de vinte anos.
Dentre as pessoas que prestigiaram o lançamento do livro “Caros Olindenses”, estava o ex-aluno da época da fundação do Colégio São Bento de Olinda, Carlos Ivan, que considerou o momento na Cúria Metropolitana “uma tarde literária”. O ex-aluno ponderou que, por ter sido da primeira turma de alunos do colégio, quando este se chamava ainda Ginásio de São Bento da Restauração Pernambucana, achou a ideia do livro maravilhosa. “Todo meu alicerce de conhecimento é beneditino, por isso é motivo de alegria estar aqui, vivendo a expectativa de chegar em casa e ler as páginas que resgatam a pessoa importante e querida que foi dom Basílio”, disse.
O livro “Caros Olindenses – Cartas de Dom Basílio Penido, OSB” pode ser adquirido na Livraria Cultura do Shopping RioMar e todo valor arrecadado com as vendas vai ser doado para obras sociais.
Pascom AOR