O arcebispo da Paraíba, dom Manoel Delson Pedreira da Cruz, lançou a primeira carta pastoral à Igreja local. Intitulado de “Habitar a cidade com a alegria do Evangelho”, o documento apresenta os pilares e diretrizes para ações concretas que deverão ser postas em prática durante o quadriênio 2020-2023.
A carta, que é fruto da última Assembleia Arquidiocesana de Pastoral, realizada em novembro do ano passado, tem quatro capítulos distribuídos em 26 páginas. As seções vão desde a história da Igreja na Paraíba ao novo Plano Pastoral, passando por um diagnóstico da realidade social do Brasil.
“O tema [da assembleia e da carta pastoral] não é um slogan, é uma necessidade vital e irrenunciável para nossa ação evangelizadora. Queremos sempre mais motivados pelas pertinentes palavras do Papa Francisco habitar a cidade que nos envolve como uma ‘Igreja em saída’”, afirma dom Manoel Delson na abertura da epístola.
O texto foi apresentado ao clero no último dia 4 e colocado à disposição dos demais integrantes da arquidiocese nesta quarta (11) no site www.arquidiocesepb.org.br.
Pobres e jovens
A carta pastoral inédita à Arquidiocese da Paraíba reafirma a preferência da Igreja pelos pobres, “os prediletos do coração de Jesus”, contudo, leigos, clero e religiosos devem prestar atenção às novas formas de pobreza e fragilidade. Dom Manoel Delson cita como exemplo os sem abrigo, toxicodependentes, refugiados, povos indígenas e idosos.
“A atenção e as iniciativas que restituam dignidade ao pobre, não são apenas ‘boas ações’, elas se inserem, em nossa visão da fé, na promoção da pessoa humana, na defesa da vida desde a sua concepção natural até sua morte natural, pois somos o povo pela vida, sempre”, diz o arcebispo.
Exortando os leigos, no âmbito da família, o religioso convida os fiéis a assumirem essa missão se tornando “embaixadores da promoção e defesa da vida em todas as suas fases e circunstâncias”.
Segundo o prelado, a mesma atenção deve ser dada aos jovens, que não devem ser contemplados como o futuro da Igreja, mas sim como o presente. “Vejo, com particular esperança, o entusiasmo comunicador de nossa juventude. Sei que as mídias sociais podem ser lugar de distração, solidão ou vidas fake, no entanto, reafirmo aqui minha fé na juventude”, escreve.
Democracia e justiça social
A carta pastoral de dom Manoel Delson traz ainda o contexto político-social vivido não só na Paraíba ou no Regional Nordeste 2 da CNBB, mas em todo o país. O arcebispo questiona a indiferença da sociedade diante do aumento da violência e da corrupção, e se o Povo de Deus já não ouve mais “a voz de Cristo” que convida todos a serem “globalizadores da solidariedade e da compaixão”.
“É urgente que todos se sintam convocados, especialmente os leigos, para promover iniciativas que valorizem redescubram a democracia e a justiça social”, destaca.
CEN2020
Inspirada pelo Congresso Eucarístico Nacional que terá sua 18ª edição realizada de 12 a 15 de novembro deste ano, no Recife, a carta pastoral da Arquidiocese da Paraíba estabelece 2020 como o ano “do pão e da caridade”. O lema a ser vivido em todas as paróquias será “Vai, e faze tu mesmo”, tendo como referência o texto bíblico LC 10,25,37 e a Campanha da Fraternidade 2020 “Fraternidade e vida: dom e compromisso”.
Como ações concretas, dom Manoel Delson recomenda a realização de uma semana Eucarística Missionária no âmbito paroquial culminando com um grande encontro em cada forania. A Igreja na Paraíba deverá ainda fortalecer a Equipe Arquidiocesana de Liturgia, realizar uma maior divulgação e descentralizar a Escola de Fé e Política Dom Pedro Casaldáliga, e, por fim, promover o Estudo da Doutrina Social da Igreja.
Novos pilares
Para 2021, a Arquidiocese da Paraíba deverá refletir o “Pilar da Palavra”. Dando continuidade ao dinamismo dos dois anos anteriores, a Igreja local deverá seguir o “Pilar da Ação Missionária”. Concluindo o quadriênio em 2022 e celebrando os 60 anos do Concílio Vaticano II será realizado o primeiro Congresso Missionário Arquidiocesano.
