O arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido, foi até Vitória de Santo Antão na manhã desta quinta-feira (17/01) para celebrar a eucaristia no dia do santo padroeiro que dá nome à cidade. A matriz de Santo Antão estava lotada de vitorienses para venerar o santo conhecido por ter vencido o mal em sua vida monástica de contemplação e que ganhou o título de Pai da Vida Monacal.
Segundo dom Fernando, que morou na cidade quando criança, a festa faz parte de suas lembranças de infância. “É sempre bom voltar à minha querida Vitória de Santo Antão”, disse o arcebispo. “Tenho uma relação de amor e gratidão pela cidade, que recebeu minha família, me acolheu na catequese, me ensinou a ser coroinha, até que saí daqui para entrar no seminário e seguir minha vocação”, concluiu.
A cidade de Vitória de Santo Antão celebra a festa há 394 anos. A tradição veio de Portugal, junto com o fundador da cidade, Antônio Diogo de Braga. Os escritos de Santo Atanásio, bispo de Alexandria, no Egito, contam que Antão nasceu no Egito, em 251. Era o primogênito
de uma família cristã de camponeses abastados e tinha apenas uma irmã. Numa missa, foi tocado pela mensagem do Evangelho: “Vende os teus bens, dá aos pobres e terás um tesouro nos céus. Depois, vem e me segue”. Foi exatamente o que ele fez. Distribuiu tudo o que tinha aos pobres, confiou sua irmã a uma congregação religiosa e se retirou para um deserto. Passou a viver na oração e na penitência, dedicando seu tempo exclusivamente a Deus. Como era muito procurado, decidiu se retirar ainda para mais longe, vivendo numa gruta abandonada, por dezoito anos. Aos cinquenta e cinco anos, atendeu o pedido de seus discípulos, abandonando o isolamento do deserto e sendo orientador espiritual de seus discípulos. Passou a ser o modelo do monge recluso e é chamado, até hoje, de “pai dos monges cristãos”.
Após a celebração, um momento chamou a atenção dos presentes: um pequeno grupo de padres que concelebraram a eucaristia convidaram dom Fernando para uma foto ao lado da pia batismal da matriz. Um deles, padre André Martins, pároco de Nossa Senhora do Livramento, paróquia irmã em Vitória, explicou que os padres nasceram na cidade e se batizaram nessa pia – exceto dom Fernando, que nasceu em Jussaral e foi batizado numa capela próxima. “É um momento de gratidão a Deus”, disse. “Convidamos dom Fernando para dividir conosco essa alegria de estarmos aqui na matriz, onde fomos batizados”.
Um andor com a imagem de Santo Antão saiu em procissão pelas ruas da cidade às 16h, antecedendo a missa que marca o último dia da festa deste ano. A imagem, de 1,60m de traz um porco furioso como representação do mal. O professor Antônio Gomes decorou o andor para a festa em Vitória pela primeira vez, mas tem a experiência de ter elaborado e enfeitado muito andores na cidade vizinha de Moreno, onde mora – um trabalho que faz com muito amor desde os onze anos de idade. “Aprendi a decorar numa emergência, quando um decorador faltou, e desde então já fiz mais de 800 andores para procissões”, conta.
A missa de encerramento da 394ª festa de Santo Antão foi celebrada às 18h na matriz, sob a presidência do pároco, monsenhor Maurício Diniz, que é também vigário episcopal da região.
Pascom AOR