O Vaticano apresentou, nesta quinta-feira, 27, o documento que servirá de base para a etapa continental do Sínodo sobre a Sinodalidade: “Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”. A apresentação foi em uma coletiva de imprensa, mediada pelo diretor de imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, que reuniu uma equipe do Sínodo e jornalistas.
O documento é fruto das sínteses resultantes da consulta ao Povo de Deus realizada na primeira fase do processo sinodal. O material estará no centro do tempo de escuta, diálogo e discernimento das assembleias Sinodais Continentais que serão realizadas de janeiro a março de 2023.
O relator-geral do Sínodo, Cardeal Jean-Claude Hollerich, S.I., participou da coletiva de forma remota, uma vez que está no Japão. Ele explicou que o documento não é um “Instrumentum laboris” (documento de trabalho), mas um resumo da síntese que o Secretariado recebeu. “O texto é um verdadeiro reflexo do que as Conferências Episcopais enviaram, um reflexo do resultado do diálogo espiritual do Povo de Deus”.
O documento apresentado hoje foi elaborado por um grupo de pessoas de diferentes continentes, bispos, sacerdotes, religiosos e leigos. Segundo o cardeal Hollerich, um trabalho conjunto que foi experiência sinodal e ajudou a compreender a experiência sinodal de muitos grupos em todo o mundo.
“Este documento, portanto, não é um escrito que emerge dos escritos teológicos, é fruto de uma sinodalidade vivida, uma dimensão da vida na Igreja. Pudemos notar que o Espírito Santo está trabalhando”, pontuou o relator.
Palavra do Cardeal Mario Grech
O secretário-geral do Sínodo, Cardeal Mario Grech, também participou da apresentação à imprensa. “Os conteúdos do Documento são o testemunho evidente do processo em ação na Igreja. As sínteses atestam que, onde a consulta aconteceu, rendeu frutos abundantes”, comentou.
Segundo o cardeal, a surpresa do grupo que leu as sínteses e escreveu o Documento foi a convergência em muitos pontos, tendo em vista os contextos eclesiais e culturais bem diferentes. “Como vocês podem verificar, não há reflexões teóricas sobre a sinodalidade, mas ecos da voz das Igrejas. Para todos nós foi uma surpresa ouvir como, apesar da diferença de sensibilidade, o santo Povo de Deus converge em pedir uma profunda renovação da Igreja.”
Cardeal Grech explicou que a etapa continental constitui mais um momento de discernimento. Nesse processo, as sete Assembleias continentais poderão avaliar se e quanto o Documento recebido corresponde à vida e às expectativas das Igrejas em seus continentes.
Um ponto importante ressaltado por ele é seguir restituindo ao povo de Deus os frutos do processo. “Aos bispos será pedido que ouçam ‘pelo menos’ as comissões sinodais e os organismos de participação. Mas seria belo que cada Igreja fizesse a leitura do Documento com um envolvimento amplo do Povo de Deus”.
Assim é o estilo sinodal que o Papa desejou com a decisão de realizar duas Assembleias Gerais do Sínodo, uma em outubro de 2023 e outra em outubro de 2024. “A confiança é que, entrando neste dinamismo da restituição, em cada etapa possamos crescer em uma mentalidade cada vez mais sinodal e nos fortalecermos naquele ‘caminhar juntos’, que é o princípio fundador de uma Igreja constitutivamente sinodal.”, concluiu.
Sobre o documento
Também participaram da coletiva a professora Anna Rowlands, da Universidade de Durham; o consultor da Secretaria Geral do Sínodo, padre Giacomo Costa, e o secretário-geral da Comissão Teológica Internacional, Mons.Piero Coda. Eles se concentraram sobre o teor do documento, desenvolvido simultaneamente em dois idiomas: italiano e inglês.
A estrutura do Documento está a serviço de uma releitura da experiência do primeiro ano, a partir do esboço dado às Conferências Episcopais para a elaboração das suas sínteses. Uma primeira parte é dedicada aos frutos da experiência de caminhar juntos, com suas forças e sombras. Uma segunda, mais desenvolvida, explora insights, perguntas, questões que surgiram durante a escuta. Uma terceira parte sinaliza os passos identificados para avançar como Igreja local em estilo sinodal. Há, portanto, um esforço de sintonia com o dinamismo interno das contribuições recebidas, ao invés de simplesmente utilizá-las como fontes de temas a serem tratados ou citações a serem inseridas em um sistema diferente.
O documento oferece às Igrejas locais a oportunidade de ouvir as vozes umas das outras, em vista das Assembleias continentais. A proposta é trazer à tona as vozes do Povo de Deus, com suas intuições, perguntas e discordâncias. Trata-se de “um quadro de referência”, conforme os especialistas da equipe de redação, para as Igrejas locais e as Conferências episcopais em vista da terceira e última etapa, a universal, em 2023 e 2014.
Fonte: Canção Nova Notícias