No último dia do Simpósio de Filosofia e Teologia 2018, quinta-feira (24), a parte da manhã foi reservada para uma importante mesa redonda que discutiu os aspectos teológicos, biológicos e jurídicos relacionados à questão do aborto. A mesa redonda contou com a participação do Pe. Elias Ramalho, da Psicóloga Dra. Margarida Félix e do Advogado James Castro.
O Pe. Elias lembrou que é necessário se posicionar contra a cultura do aborto além de outros ideais que ferem a dignidade humana em todos os seus níveis. “É preciso, posicionar-se contra a cultura abortista e contra tudo aquilo que fere a dignidade humana, em todos os seus estágios e fases. Tendo clareza disso, saber-se-á responder aos casos particulares: quando começa a vida humana e qual o papel da ciência em relação a isso”. A Dra. Margarida também enfatizou a necessidade de defesa da vida desde a sua fecundação, e tocou no importante ponto do encontro do transcendente com a realidade. “Se pudermos ter um modelo de maior aderência à realidade, indo além da ciência, pela revelação divina, ampliaremos nossa consciência e veremos que alguém nos construiu e que seguimos também um Deus pessoal, cuja vivência mostra que nada, nem o pior drama, justifica matar uma criança, já que transcende aquilo ao qual estávamos acostumados”, ressaltou a psicóloga.
O advogado James Castro, por sua vez, lembrou a insustentabilidade do modelo jurídico em relação ao aborto. “O Código Civil Brasileiro afirma que a personalidade civil começa do nascimento com vida e, apesar da lei ir retroagindo nesse sentido, vendo o embrião com mais características de direito, põe à salvo desde a concepção os direitos do nascituro. Por que se protegem esses direitos? Por que o direito civil é patrimonialista, voltado para a natureza econômica. O patrimônio jurídico maior é a vida, de modo que não se pode colocá-la em patamar igual ao do patrimônio econômico”, disse.
Também esteve palestrando o Pe. Josandro Félix, Mestre em Teologia Dogmática, abordando a moral cristã e as mudanças de paradigma na sociedade hodierna. O clérigo afirmou: “Nossa cultura acredita que existe um Deus além de providente, bondoso, que nos dá a graça de ter uma oportunidade para viver. Só é possível haver o conceito de misericórdia humana diante de quem erra a partir de um Deus que age com misericórdia. Ao mesmo tempo ela só é possível porque esse Deus é justo em dar consciência e em revelar à essa pessoa o que é justo e errado, agindo com misericórdia para quem se arrepende, aos que não se arrependem, Deus tenta com que essa pessoa se liberte ou pague o preço dos seus pecados”.
Encerrando o Simpósio, o Dr. André Teles proferiu palestra sobre a Bioética do fim da vida, reafirmando as posições médicas relacionando-as com a religião. “O estudante de medicina é preparado para prolongar a vida, promovendo a cura. Diante do paciente terminal é preciso estar preparado para oferecer uma morte com qualidade, deixando que Deus faça o seu tempo. O fio que equilibra a vida é tênue mas deve ser suficientemente forte, o mérito do médico é saber administrar esse fio”, concluiu.
O Simpósio de filosofia e Teologia, ocorrido no seminário Seminário Diocesano, no período de 22 a 25 de outubro reunindo nomes importantes para o debate acerca da bioética, dentre eles Dom Antonio Augusto Dias Duarte, Bispo Auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro, Doutor em Teologia Moral pela Universidade de Navarra na Espanha e Graduado em Medicina pela USP com especialização em Pediatria.
Pascom diocesana com Humberto Carneiro /Seminarista