A irmã Teresinha Mendonça Del’Acqua, integrante da Equipe de Animação do Sínodo 2023 no Brasil, somou-se à realização da síntese das 251 contribuições enviadas da fase de escuta. O trabalho de reunir e organizar as propostas, enviadas pelas Igrejas Particulares e grupos da Igreja no país, foi realizado com o apoio da religiosa Franciscana Maria Imaculada da Arquidiocese de Goiânia (GO) de 8 a 12 de agosto.
A religiosa considera uma bênção “imedível” ter participado da consolidação da síntese das escutas do Brasil. “É um penetrar na sacralidade destas comunidades e dioceses. Perceber o pulsar, ora vibrante ora um tanto marcado por dores sociais, econômicas e eclesiais. Temos estes dois movimentos, o de expansão e o de questionamento. Me sinto privilegiada por integrar esta equipe. O nosso desafio foi o de não deixar escapar as ‘pepitas’ preciosas. Estamos colhendo tudo que pode ser inspirador para a Igreja no Brasil e para a Igreja universal”, compartilhou.
Irmã Terezinha disse estar sendo gratificante demais perceber a alegria dos fieis por serem cristãos, missionários, e poderem atuar como agentes de pastoral na Igreja e no mundo. ” Identificamos a participação de cristãos leigos e leigas nos vários grupos, movimentos, comissões eclesiais e as que visam o bem comum, comissões de caráter social e que é baixa ainda a participação em comissões que visam as mudanças político-sociais e nas políticas públicas”, disse.
Pandemia, clericalismo e protagonismo dos leigos
Segundo a irmã Teresinha, os relatórios registraram muitos impactos da pandemia na vivência da fé. “Muitos expressaram sentirem-se desaquecidos na fé por não poderem participar presencialmente das celebrações eucarísticas, dos encontros comunitários e formativos”. Contudo, a religiosa disse que a síntese apontou que, apesar do desânimo e até uma certa acomodação, a Igreja não parou e a participação foi garantida com os meios de comunicação organizados pelas comunidades.
A religiosa disse que os relatórios pontuaram um certo desconhecimento de Jesus Cristo, dos documentos do magistério da Igreja e da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. “O desconhecimento dos documentos enfraquece o engajamento e o protagonismo dos cristãos e cristãs como leigos e missionários. Não é porque não querem mas porque não estão conscientes do seu protagonismo como leigos e leigas. Como respostas, sugestões e sinais de esperança, os relatórios apontam a necessidade de investir no aprofundamento da Doutrina Social da Igreja, de investir numa catequese de iniciação, mas também o reforço num processo catequético continuado”, aponta.
Outro elemento que apareceu, como bastante desmotivador da participação dos leigos, é a questão do clericalismo, apontou a religiosa. Do clericalismo dos cleros e também dos leigos, a religiosa disse que os relatórios apontaram que decorre a centralização de fala e das decisões. “Como antidoto contra o clericalismo, as escutas indicaram muitas sugestões. Por exemplo, promover a rotatividade das lideranças, decisões partilhadas em equipe e valorizar mais a participação das mulheres. Apontou-se também a necessidade de um diálogo mais acolhedor com a juventude”, indicou.
Íntegra da entrevista
A Assessoria de Comunicação da CNBB produziu uma série de entrevistas com os membros da Equipe de Animação do Sínodo 2023 no Brasil que estão sendo publicadas no portal e no canal do yotube da entidade. Abaixo, segue a íntegra da entrevista com a irmã Teresinha Mendonça Del’Acqua. O documento com a síntese final, de 10 páginas, será apresentado ao episcopado brasileiro na 59ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, como parte do processo indicado pela Secretaria Geral do Sínodo 2023, antes de ser enviado à etapa continental.
Fonte: CNBB