O Domingo de Ramos chegou e com ele somos postos diante do realce da Celebração do Mistério Pascal de Jesus. A procissão que os católicos fazem neste dia pelos mais variados lugares é antes de tudo um testemunho jubiloso que prestamos a Jesus Cristo, um testemunho de Cristo Rei. As procissões são sinais públicos de nosso amor às coisas da fé; vivemos num Estado laico, e por isso mesmo, este tem o dever de garantir o direito de manifestação das escolhas religiosas. Mas o que significa apresentar e reconhecer Jesus como Rei, em sociedades que são cada são mais marcadas pelo desconhecimento da operante fé em Deus? Para nós cristãos, o Cristo Rei indica o caminho da vida, no qual temos confiança e não hesitamos em segui-Lo. Somos conscientes que vivemos em ambientes plurais, que permanentemente se auto intitulam como sociedades de várias verdades, mas também não somos chamados a negar a seguinte afirmação: seguir Jesus significa aceitar com alegria a Sua Palavra como critério válido para a nossa existência. Pomo-nos sob a autoridade de Deus, ela não nos escraviza e nem nos aliena, mas nos coloca diante da verdade.
Na Procissão de Ramos, em sua liturgia inicial, pedimos, por meio das palavras de motivação do sacerdote, a graça de um seguimento a Jesus: “… sigamos os passos de Nosso Salvador para que, associados pela graça à Sua cruz, participemos também de sua ressurreição e de Sua vida”. Seguir o Cristo Rei comporta o estreito caminho da cruz e o feliz acolhimento da ressurreição. Portanto, declarar a realeza de Cristo não significa ostentar uma bandeira de poder bélico, mas pôr-se a serviço de Deus e dos outros. O caminho de cruz e ressureição de Jesus mostrou-nos isso!
O seguimento de Jesus deve comprometer nossas escolhas, não se pode pretender estar com o Senhor sem nos coloca diante de renúncias. Queremos com Ele caminhar, ainda que nossas estradas sejam feitas de momentos difíceis, vale a pena segui-Lo com alegria. Todo homem e toda mulher são livres para escolher caminhos recheados de confortos e afastados de qualquer tipo de fadigas e renúncias, mas sempre nos caberá a insistência de propor o caminho do Evangelho, o caminho que nunca precipita a humanidade numa vida de facilidades distraídas. O testemunho cristão é um desafio, mas Cristo, que morreu e ressuscitou, está conosco, Ele nunca nos abandona! Que a Santíssima Virgem Maria interceda sempre por nós nos caminhos de Seu Filho Jesus!
Dom Frei Manoel Delson Pedreira da Cruz, OFMCap
Arcebispo da Paraíba