A Palavra de Deus sempre acompanha os esforços e as atividades daqueles que conhecem a Pessoa de Jesus. Conhecer Jesus não significa abraçar um conjunto de doutrinas, mas adentrar no seu coração muito concreto e estendido sobre a humanidade. Ao longo de nossa vida, somos animados a prosseguir um grande caminho de fé. Este passa necessariamente pelo acolhimento das bem-aventuranças (Lc 6,20-26). O cenário destas mostram o Divino Mestre se ocupando dos doze e da multidão, estes querem ouvi-Lo. É muito interessante a delicadeza dos textos bíblicos, s. Lucas faz questão de dizer que Jesus, antes de ensiná-los, levanta o olhar para os discípulos (Lc 6,20). O que significa este ato? Os olhos do Senhor se levantam porque os ensinamentos têm um destino certo: o coração dos discípulos. Trata-se de uma relação de próximos, de um pai que olha atenciosamente e ensina os filhos a superar os desafios da vida.
Jesus é o Filho de Deus que fora enviado do céu para evangelizar a terra, Ele falou sobre as coisas terrenas, mas não as absolutizou: “Bem-aventurados os pobres… bem-aventurados vós, que agora tendes fome… bem-aventurados vós, que chorais… bem-aventurados vós, quando os homens… desprezarem o vosso nome” por minha causa”.
O sofrimento pode até nos acompanhar na peregrinação desta vida, mas existe uma justiça divina que apagará as humilhações. Nada pode tirar nossa paz interior quando temos a Deus e sua santa vontade. A mensagem do Evangelho de Nosso Senhor nunca pretendeu esvaziar o sentido da vida no ”aqui e agora’’: ”Esta justiça e esta bem-aventurança realizam-se no ‘Reino dos céus’ ou ‘Reino de Deus’, que terá o seu cumprimento no fim dos tempos mas que já está presente na história. Onde os pobres são confortados e admitidos no banquete da vida, ali manifesta-se já agora a justiça de Deus. Esta é a tarefa que os discípulos do Senhor são chamados a desempenhar também na sociedade atual.” (Bento XVI)
Para o Papa Francisco, as bem-aventuranças são o perfil de Cristo e, consequentemente, do cristão. Não podemos pretender outro caminho que não seja o caminho redentor de Jesus, pois este, por mais desafiador que nos seja, nele somos verdadeiramente felizes, isto é, somos santos! As provas e perseguições são grandes oportunidades para atestar nossa fidelidade a Deus; e mesmo quando caímos, Deus continua fiel ao nosso lado, dando-nos à Sua mão forte. Ser bem-aventurado é o mesmo que confiar permanentemente sua vida ao Senhor.
Dom Frei Manoel Delson Pedreira da Crus, OFMCap
Arcebispo da Paraíba