Pastoral da Criança é coautora de pesquisa sobre o coronavírus

Deste domingo (21) até terça (23), cerca de 2,6 mil pesquisadores do IBOPE Inteligência vão às ruas, do Rio Grande do Sul, para visitar residências e convidar moradores para que façam testes rápidos para a Covid-19 em cada uma das cidades incluídas na pesquisa EPICOVID19-BR, o maior estudo populacional sobre o coronavírus no Brasil.

A Pastoral da Criança, organismo de ação social vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), é coautora da pesquisa coordenada pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), parceira da pastoral há mais de 30 anos, em várias iniciativas, incluindo os Mil Dias, Obesidade, Soro Caseiro, Bebê de Barriga para cima, entre muitas outras iniciativas. A Pastoral fez uma mobilização com sua base para que os pesquisadores sejam recebidos, já que na primeira fase, em 27 cidades, os entrevistadores foram presos e, em 8, os testes foram destruídos pela polícia.

“Frente ao pedido de ajuda da UFPel, a Pastoral da Criança mobilizou mais de 100 bispos, toda a base da Pastoral da Criança e também secretários de saúde e assistência social, deputados, senadores, 3 ex-ministros, juízes, promotores e imprensa católica e leiga para reverter essa situação. Assim, mesmo com todas essas dificuldades iniciais, obteve-se uma boa taxa de resposta, similar a pesquisas nacionais da Espanha e melhor que as conduzidas na Áustria e Islândia”, ressalta o Coordenador Nacional Adjunto da Pastoral da Criança, Mestre em Epidemiologia e Doutor em Saúde Pública, Dr. Nelson Arns Neumann.

O Estudo de Prevalência da Infecção por Covid-19 no Brasil (EPICOVID19-BR), coordenado pela UFPel com financiamento do Ministério da Saúde, é o maior levantamento populacional do mundo a estimar a prevalência de Covid-19. A segunda etapa da pesquisa apresentou evidências inéditas sobre a velocidade de expansão do coronavírus em 83 cidades do país.

A proporção de pessoas que já contraíram o vírus no Brasil aumentou em 53% no período de duas semanas entre a primeira etapa, realizada de 19 a 21 de maio, e a segunda, de 4 a 5 de junho. Os dados mais recentes também mostram que, para cada diagnóstico confirmado, existem ao redor de seis casos reais não notificados na população. Para se ter uma ideia, as estimativas somam mais de 1,7 milhão de pessoas que têm ou já tiveram o coronavírus, contra o total de 296.305 casos notificados em 120 cidades brasileiras na véspera do segundo levantamento da pesquisa.

“É fundamental que a população aceite participar da pesquisa. Em cada cidade, por exemplo, é preciso realizar pelo menos duzentos testes, para que possamos apresentar estimativas sobre a real dimensão da Covid-19. Além de contribuir com o esforço coletivo de enfrentamento da pandemia, o participante tem a oportunidade de realizar o exame e saber o resultado na hora”, diz a epidemiologista Mariângela Freitas da Silveira, integrante da coordenação do estudo.

Segundo Dr. Nelson Arns, no Regional Sul 1 da CNBB, que abrange o estado de São Paulo (SP), “contamos com a força de seu presidente, dom Pedro Luiz Stringhini, e conseguimos reverter decisão, à véspera da 2ª fase: sem alarde conquistamos adesão e amizade da secretaria municipal de saúde e foi possível preservar simultaneamente a saúde da população e a ciência”, ressalta.

Nelson Arns ressalta ainda que o papel da pastoral vai além da coautoria da pesquisa. “Nós queremos que esta pesquisa seja um precioso instrumento para preservar a vida, em especial dos mais vulneráveis, entre estes os indígenas que foram 6,2 vezes mais afetados pelo COVID em comparação à população branca (dados da 1ª fase da pesquisa)”, disse.

Como funciona a pesquisa

O estudo inclui a cidade mais populosa de cada uma das 133 sub-regiões definidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o território brasileiro. A seleção das residências e das pessoas que serão entrevistadas e testadas ocorre por meio de um sorteio aleatório, utilizando os setores censitários do IBGE como base.

Para o exame, os pesquisadores coletam uma gota de sangue da ponta do dedo do participante, que será analisada pelo aparelho de teste em aproximadamente 15 minutos. Enquanto aguarda o resultado, o participante responde a perguntas sobre sintomas da Covid-19 nas últimas semanas, busca por assistência médica e rotina em relação às medidas de prevenção e isolamento social. Em caso de resultado positivo, os profissionais comunicam a Vigilância Epidemiológica local.

Pesquisa disponibiliza canais de informação sobre visitas

Os pesquisadores que realizam as visitas estão identificados por crachá do IBOPE Inteligência e utilizam os equipamentos de proteção individuais (EPIs): máscaras, toucas, aventais, sapatilhas (todos descartáveis), óculos de proteção e luvas. Todos os profissionais são testados e apenas aqueles que tiverem resultado negativo realizam as visitas domiciliares. O estudo tem aprovação da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa e cumpre todos os requisitos de segurança necessários, para proteger os pesquisadores e a população.

Em caso de dúvidas, os participantes podem entrar em contato para esclarecimentos sobre as visitas às casas pelos telefones 0800-800-5000, (11) 3335-8583, (11) 3335-8606; (11) 3335-8610, ou pelos e-mails [email protected] e [email protected].

Fonte: CNBB

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