O confessor deve recordar-se que é apenas instrumento da Reconciliação, que não quer dizer uma redução do ministério, mas a sua plena realização.
O Santo Padre concluiu sua série de audiências, na manhã desta sexta-feira, no Vaticano, recebendo cerca de 400 participantes no Curso do Foro Interno, promovido pela Penitenciaria Apostólica. O Curso, que se realizou em vista do próximo Sínodo dos Bispos sobre a Juventude, debateu o tema sobre a “relação entre a Confissão sacramental e o discernimento vocacional”.
Partindo deste tema oportuno, o Papa fez uma reflexão sobre a “atenção que um jovem sacerdote confessor deve ter ao administrar o sacramento da Confissão, em vista de um eventual discernimento vocacional juvenil”. Antes de tudo, é preciso redescobrir – como diz Santo Tomás de Aquino – a “dimensão instrumental” do ministério da Penitência. E explicou:
“O sacerdote confessor não é fonte de Misericórdia, de graça, nem instrumento indispensável, mas apenas instrumento! Isto deve favorecer uma atenciosa vigilância sobre o risco de se tornar ‘dono das consciências’, sobretudo na relação aos jovens, cuja personalidade ainda está em formação e, portanto, é facilmente influenciável”.
Logo, o confessor deve recordar-se que é apenas instrumento da Reconciliação, que não quer dizer uma redução do ministério, mas a sua plena realização. A seguir, Francisco falou sobre a dimensão de “saber ouvir”, antes de dar respostas:
“O confessor deve ser homem da escuta: escuta humana do penitente e escuta divina do Espírito Santo. Ao ouvir o irmão penitente, ouvimos o próprio Jesus, pobre e humilde; ao ouvir o Espírito Santo, colocamo-nos em zelosa obediência, tornando-nos ouvintes da Palavra, prestando o maior dos serviços aos jovens penitentes, ou seja, colocando-os em contato com Jesus”.
Quando são colocados em prática estes dois elementos, afirma o Papa, o colóquio sacramental abre um caminho prudente e orante que é o “discernimento vocacional”. Todo jovem tem o direito de ouvir a voz de Deus, seja na sua consciência seja através da escuta da Palavra. Aqui entra o acompanhamento sapiente do confessor, que se torna padre espiritual:
“O discernimento vocacional consiste, antes de tudo, em uma leitura dos sinais, que Deus colocou na vida do jovem, mediante as suas qualidades e inclinações pessoais, por meio de encontros e oração, como fez Samuel: ‘Fala, Senhor, que o teu servo escuta’.”
Desta maneira, concluiu Francisco, o colóquio da Confissão sacramental torna-se ocasião privilegiada de encontro com Deus, para o penitente e para o confessor. Assim, a vocação jamais coincide com o formalismo, mas é o contato direto, vital e imprescindível com o próprio Jesus.
Por fim, o Santo Padre recordou aos presentes as categorias que definem um confessor: “médico e juiz”, pastor e pai”, “mestre e educador”, mas, sobretudo para os jovens, é testemunha: “testemunha da compaixão e da misericórdia divina”.
Com informações do site do Vaticano