A Igreja celebra em âmbito universal, nesta terça-feira, 29 de junho, a Solenidade de São Pedro e São Paulo. E o Papa Francisco abençoou os Palios que quatro arcebispos brasileiros nomeados nos últimos doze meses vão receber. No total, foram 34 novos arcebispos nomeados de junho de 2020 até este ano. Em sua reflexão, o pontífice ressaltou que “é dando a vida que o Pastor, liberto de si mesmo, se torna instrumento de libertação para os irmãos”.
Recordando a insígnia que será entregue aos arcebispos, o Papa assim sublinhou: “Este sinal de unidade com Pedro recorda a missão do pastor que dá a vida pelo rebanho”.
Aqui no Brasil, receberão o Palio arquiepiscopal, símbolo de jurisdição em comunhão com a Santa Sé, os seguintes arcebispos:
- Dom Severino Clasen, arcebispo de Maringá (PR)
- Dom Paulo Cezar Costa, arcebispo de Brasília (DF)
- Dom Gilberto Pastana de Oliveira, arcebispo eleito de São Luís do Maranhão (MA)
- Dom Leomar Antônio Brustolin, arcebispo eleito de Santa Maria (RS)
Por conta das restrições de viagens decorrentes da pandemia, os arcebispos do Brasil não participaram da celebração de entrega do Palio. A insígnia será enviada para a Nunciatura Apostólica e a imposição ocorre numa celebração realizada na Igreja local de cada arcebispo, diante do povo.
Livres porque libertados por Cristo
Em sua homilia, o Papa Francisco refletiu sobre os encontros de Pedro e de Paulo com Cristo, o que lhes mudou a vida. “Fizeram a experiência de um amor que os curou e libertou e, por isso, tornaram-se apóstolos e ministros de libertação para os outros”, destacou Francisco.
Pedro, o pescador da Galileia, foi libertado em primeiro lugar da sensação de ser inadequado e da amargura de ter falido, e isso verificou-se graças ao amor incondicional de Jesus. […] Mas Jesus amou-o desinteressadamente e apostou nele. Encorajou-o a não desistir, a lançar novamente as redes ao mar, a caminhar sobre as águas, a olhar com coragem para a sua própria fraqueza, a segui-Lo pelo caminho da Cruz, a dar a vida pelos irmãos, a apascentar as suas ovelhas.
Paulo também viveu a experiência da libertação por obra de Cristo: “Foi liberto da escravidão mais opressiva, a de si mesmo, e de Saulo – nome do primeiro rei de Israel – tornou-se Paulo, que significa «pequeno». Foi libertado também daquele zelo religioso que o tornara fanático na defesa das tradições recebidas (cf. Gal 1, 14) e violento ao perseguir os cristãos”.
“A Igreja olha para estes dois gigantes da fé e vê dois Apóstolos que libertaram a força do Evangelho no mundo, só porque antes foram libertados pelo encontro com Cristo. Ele não os julgou, nem humilhou, mas partilhou de perto e afetuosamente a sua vida, sustentando-os com a sua própria oração e, às vezes, admoestando-os para os impelir à mudança”, destacou o Papa
A exemplo dos dois apóstolos, o Papa salientou que “também nós somos libertados” quando tocados pelo Senhor. E só “uma Igreja liberta é uma Igreja credível”. Assim, como Pedro, a libertação para a Igreja é superar a “sensação da derrota face à nossa pesca por vezes malsucedida; a ser libertos do medo que nos paralisa e torna medrosos, fechando-nos nas nossas seguranças e tirando-nos a coragem da profecia”.
Assim como Paulo, “somos chamados a ser libertos das hipocrisias da exterioridade; libertos da tentação de nos impormos com a força do mundo, e não com a debilidade que deixa espaço a Deus; libertos duma observância religiosa que nos torna rígidos e inflexíveis; libertos de vínculos ambíguos com o poder e do medo de ser incompreendidos e atacados”.
O que é o Palio
O pálio – derivado do latim pallium, manto de lã – é uma vestimenta litúrgica usada na Igreja Católica, consistindo de uma faixa de pano de lã branca que é colocada sobre ombros dos arcebispos.
Este pano representa a ovelha que o pastor carrega nos ombros, assim como fez Cristo com a ovelha perdida. Desta forma, o palio é considerado o símbolo da missão pastoral do bispo. O palio é também a prerrogativa dos arcebispos metropolitanos, como símbolo de jurisdição em comunhão com a Santa Sé.
Em entrevista ao Vatican News, o arcebispo de Brasília, dom Paulo Cezar Costa, destacou que “o Pálio é sinal de obediência ao Papa, é sinal de comunhão com a Sé romana. Significa a autoridade que o metropolita, em comunhão com a igreja de Roma, vem legitimamente investido na sua província”.
O tecido é feito da lã retirada de dois cordeiros já reservados no ano anterior e criados pelos monges trapistas da Abadia de Tre Fontane, em Roma. O pálio, em sua forma atual, é uma faixa estreita de tecido, com cerca de cinco centímetros de largura, tecida em lã branca, curvada no meio para poder repousar sobre os ombros acima da casula e com duas abas pretas penduradas na frente e atrás, de modo que – visto tanto na frente quanto atrás – a vestimenta lembra a letra “Y”.
É decorado com seis cruzes negras de seda (que lembram as feridas de Cristo), uma em cada cauda e quatro na curvatura, e é cortado na frente e atrás, com três alfinetes de gema aciculada em forma de alfinete.
Fonte: CNBB Com informações de Vatican News e fotos de Vatican Media