Sob um sol de 35 graus, o Papa rezou com os fiéis na Praça São Pedro a oração do Angelus. Antes, porém, comentou o Evangelho deste XIV Domingo do Tempo Comum, que propõe uma oração muito bela de Jesus, que se dirige ao Pai dizendo: “Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos” (Mt 11,25).
Em sua alocução, Francisco se deteve sobre dois aspectos: as coisas pelas quais Jesus louva o Pai e os pequeninos que sabem acolhê-las. O Papa retrocedeu alguns versículos do Evangelho de Mateus, onde o Senhor recorda algumas de suas obras: “Os cegos voltam a ver, os leprosos são purificados, aos pobres é anunciado o Evangelho” (Mt 11,5), e revelou o significado, dizendo que são os sinais do agir de Deus no mundo.
A mensagem então é clara, afirmou o Pontífice: Deus se revela libertando e curando o homem com um amor gratuito que salva. Por isto, Jesus louva o Pai, porque a sua grandeza consiste no amor e jamais atua fora do amor.
“Mas esta grandeza no amor não é compreendida por quem tem a presunção de ser grande e constrói um deus à própria imagem: poderoso, inflexível, vingativo. Em outras palavras, não consegue acolher Deus como Pai quem está cheio de si, orgulhoso, preocupado somente com os próprios interesses, convencido de que não precisa de ninguém.”
Jesus cita, a propósito, os habitantes de três cidades ricas do tempo, Corazim, Betsaida e Cafarnaum, onde realizou muitas curas, mas cujos habitantes ficaram indiferentes à sua pregação. Para eles, os milagres foram só eventos espetaculares, úteis para fazer notícia e alimentar as fofocas: terminado o interesse passageiro, os arquivaram, talvez para se ocupar de qualquer outra novidade do momento. Não souberam acolher as grandes coisas de Deus.
Os pequeninos, ao invés, sabem acolhê-las e Jesus louva o Pai por eles: “Eu te louvo porque revelastes o Reino dos Céus aos pequeninos”. Louva pelos simples, que têm o coração livre da presunção e do amor próprio. Os pequeninos são aqueles que, assim como as crianças, se sentem necessitadas e não autossuficientes, estão abertas a Deus e se deixam maravilhar pelas suas obras. Eles sabem ler os seus sinais, maravilhar-se pelos milagres do seu amor.
“Irmãos e irmãs, a nossa vida, se pensarmos, é repleta de milagres: é cheia de gestos de amor, sinais da bondade de Deus. Diante deles, porém, também o nosso coração pode permanecer indiferente e se tornar habitudinário, curioso mas incapaz de se maravilhar, de se deixar ‘impressionar’. Impressionar: é um belo verbo que traz à mente a película de fotógrafo. Eis a atitude justa diante das obras de Deus: fotografar na mente as suas obras para que se imprimam no coração, para depois revelá-las na vida, através de muitos gestos de bem, de modo que a ‘fotografia’ de Deus-amor se torne sempre mais luminosa em nós e por meio de nós.”
Francisco concluiu convidando os fiéis a se questionarem: na maré de notícias que nos submergem, eu, como nos mostra Jesus hoje, sei contemplar as grandes coisas que Deus realiza? Deixo-me maravilhar como uma criança com o bem que silenciosamente transforma o mundo? E louvo o Pai todos os dias por suas obras?
“Que Maria, que exultou no Senhor, nos torne capazes de nos maravilhar com o Seu amor e louvá-Lo com simplicidade.”
Fonte: CNBB Com informações de Bianca Fraccalvieri - Vatican News