No último dia 11, na Festa do Apóstolo São Barnabé, tive a graça de ordenar sacerdotes seis jovens, na Catedral Basílica de Nossa Senhora das Neves. Nessa ocasião festiva, pude compartilhar com os presentes sobre o que o povo espera da missão do sacerdote. A vocação sacerdotal é sempre um serviço a Deus em vista de um povo; o sacerdote coopera com a missão do Bispo – cabe-lhe, em comunhão com esse, o serviço de ensinar e de santificar o povo.
Mas afinal, o que o povo espera do padre? Quais as qualidades que o padre deve ter para servir a esse povo? O Apóstolo Barnabé, filho da Consolação, testemunha bem como deve ser o perfil de um sacerdote, se é que podemos falar dessa forma. O povo espera que os padres sejam homens bons e piedosos, cheios do Espírito Santo: “É que ele era um homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé” (At 11, 24). Aqui podemos vislumbrar o testemunho possível dos homens que se consagram a Deus e ao povo. Eles devem se encher do anúncio de Cristo, fazer primeiro a experiência da Palavra transformadora de Deus para depois comunicá-la aos homens e mulheres deste tempo.
O ministro de Deus não pode seguir a lógica perversa das ideologias, tão efervescentes na atualidade, mas deve seguir a lógica do Evangelho, deve ser homem bom, na gratuidade e no amor desinteressado, principalmente com os mais pobres e com não-amados. Sobre as qualidades sacerdotais, o próprio testemunho do Apóstolo citado abre-nos um caminho; a outra qualidade é a da piedade – o padre deve ser um homem consagrado cheio do Espírito Santo. Uma vida piedosa só pode ser marcada pela vivência diária da oração – sem essa vivência o padre não será fiel ao seu chamado. A oração é um dever, um feliz dever, forjado na relação amorosa com aquele que nos amou por primeiro. A oração é um dever de amor, um tratado de amizade com Deus, um dever que não pesa, mas consola e impulsiona para a santidade.
Por fim, todo sacerdote tem a missão de santificar o povo de Deus, e o faz pelo ofício da oração (celebração da Santa Missa), da visitação e do testemunho de homem consagrado para as coisas de Deus, em vista das coisas humanas. A Igreja confia aos sacerdotes também a missão de comunicar a Palavra de Cristo, de pregá-la com o compromisso dos valores da vida, da família e da paz. O sacerdote não deve ser um triste pregador que fala de si e de suas ideias, mas deve pregar e testemunhar o que a Igreja ensina por meio de seu magistério e de sua tradição.
Dom Manoel Delson
Arcebispo Metropolitano da Paraíba