A espiritualidade é componente essencial de uma Assembleia Geral dos Bispos. Nas 57 assembleias anteriores da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), sempre presenciais, a oração sempre marcou o ritmo de cada dia de trabalho. O primeiro encontro de cada dia era ao redor da mesa da Palavra e da Eucaristia, com a celebração da Santa Missa; depois, as plenárias eram abertas e encerradas com um momento de oração; além disso, havia um dia e meio de retiro, no qual os bispos se dedicavam, exclusivamente, à oração.
Nesta 58ª Assembleia Geral, o âmbito da espiritualidade precisou ser remodelado para o formato on-line, no qual os bispos estão distantes fisicamente, conectados pela plataforma digital Zoom. Conversamos com o bispo de Paranaguá (PR) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia da CNBB, dom Edmar Peron, sobre a espiritualidade destes dias de Assembleia. Segundo ele, liturgia é encontro, por isso nada supera o que era possível na modalidade presencial.
“Minha primeira consideração é a de que liturgia é reunir-se, então, nada supera aquele momento matinal em que íamos chegando ao Santuário de Aparecida, nos reunindo para celebrar, juntos, a Eucaristia, dando assim início aos nossos trabalhos. Depois, os momentos de oração conjuntos, realizados dentro da assembleia. Também o dia de retiro e uma celebração penitencial. São todos momentos marcantes de uma assembleia presencial. Digo isto para reforçar a importância da liturgia como fonte de nossa vida espiritual”.
Na audiência geral desta semana, o Papa Francisco tratou sobre a oração e afirmou: “A vida de uma paróquia e de cada comunidade cristã é cadenciada pelos tempos da liturgia e da oração comunitária” e ainda: “As mudanças na Igreja sem oração não são mudanças na Igreja. São mudanças de grupo”. Sendo assim, uma assembleia episcopal, mesmo de forma remota, não poderia renunciar à dimensão da espiritualidade e oração.
Nesses dias de Assembleia Geral remota, todas as manhãs, o bispo auxiliar do Rio de Janeiro e secretário-geral da CNBB, dom Joel Portella Amado, junto à equipe de assessores e colaboradores presentes na sede da entidade em Brasília (DF), preside a Eucaristia, que é transmitida pelas redes sociais e emissoras de TV de inspiração católica. Depois, todas as sessões virtuais, quando todo o episcopado brasileiro está conectado, são iniciadas e concluídas com um momento de oração. O retiro espiritual, que faz parte do estatuto de uma Assembleia Geral, também acontece de forma remota na manhã desta quinta-feira, 15 de abril.
Dom Edmar fez uma avaliação pessoal sobre essa forma de oração que está marcando esses dias de assembleia:
“Há uma outra maneira de sermos alimentados na vida espiritual que é o Pão da Palavra. Assim sendo, em todos os momentos de espiritualidade, preparados com antecedência pela assessoria da CNBB, a Palavra de Deus está presente. Quer seja em algum Salmo, quer seja num pequeno trecho das Escrituras. Se nos falta a liturgia no seu todo para alimentar nossa vida espiritual, não nos falta o Pão da Vida, tomado da mesa da Palavra, para nos alimentar nestes dias da assembleia”.
Sobre o retiro, dom Edmar afirmou ser um momento precioso que ajudará a viver esse jeito extraordinário de ser Assembleia Geral dos Bispos do Brasil. “Estou certo de que nossa vida espiritual está sendo alimentada, cotidianamente, por esses pequenos momentos de oração, de espiritualidade, propostos ao longo do dia”, concluiu dom Edmar.
Fonte: CNBB