Neste ano em que se celebra os 50 anos (1971-2021) da dedicação de setembro como o Mês da Bíblia na Igreja no Brasil, cujo tema é a Carta de São Paulo aos Gálatas e o lema “Pois todos vós sois UM só em Cristo Jesus, o portal da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) tem publicado experiências que marcam a presença da Palavra de Deus na vida e na pastoral.
Às vésperas de completar três anos do lançamento da nova tradução oficial da Bíblia da CNBB, diversos grupos da Igreja no Brasil, além de muitos leigos e leigas, passaram a utilizar esta nova versão para leitura pessoal, estudos e ou na animação pastoral.
Lançada no dia 21 de novembro de 2018, durante a reunião do Conselho Permanente da entidade, a nova tradução oficial da Bíblia da CNBB, como recomenda o Concílio Vaticano II, se baseia nos textos originais hebraicos, aramaicos e gregos, comparados com a Nova Vulgata – a tradução oficial católica.
Na diocese de Marília (SP), a Bíblia da CNBB é utilizada como referência nos estudos do Curso de Teologia para Leigos e Consagrados (CTLC). Ao todo são cerca de 80 alunos devidos em três turmas. De acordo com o coordenador do curso na Região Pastoral I, padre Anderson Messina Perini, a escolha pela tradução oficial da CNBB tem dois motivos.
“Primeiro, porque a tradução oficial da Igreja do Brasil, traz um texto atualizado e uma tradução segura, segundo porque é acessível a todas as pessoas, uma linguagem bem popular, uma linguagem que faz as vezes daquilo que foi a Vulgata no passado. São Jerônimo, traduziu a Vulgata na língua do povo e a Bíblia da CNBB traz essa linguagem que o povo fala, que povo entende. Por isso, nós incentivados o nosso curso o uso dessa tradução da bíblia”, ressaltou.
De acordo com a coordenação de tradução e revisão da Bíblia da CNBB, a proposta dessa nova versão foi o de proporcionar aos católicos do Brasil uma tradução oficial da Bíblia a ser usada nas futuras publicações oficiais da Igreja no Brasil, como lecionários litúrgicos e documentos. Além de servir também de referência para que, sempre quando preciso, se possa encontrar uma tradução segura, reconhecida pelo Magistério não só da Igreja Católica no Brasil, mas do mundo.
Ainda segundo a coordenação de tradução e revisão, o texto dessa versão é mais fluido que o existente em outras versões, apresenta-se simples e transparente nas narrativas, conservando toda a riqueza dos textos originais e os ecos da tradição litúrgica e espiritual através dos séculos e se distingue da anterior, sobretudo pela maior fidelidade aos textos originais segundo as opções adotadas pela Nova Vulgata.
Na arquidiocese de Brasília (DF), a paroquiana da Paróquia São João Paulo II, em Águas Claras, região administrativa que fica cerca de 19km do centro da capital federal, Jussara Tatiana de Oliveira Simões Prelorentzou usa para suas orações pessoais e em seu trabalho pastoral a tradução oficial da CNBB.
“O que eu mais gosto é em relação à leitura da bíblia, traduzida pela CNBB é que as palavras usadas tem um vocabulário mais simples, mais voltado ao contexto nacional e isso faz com que a leitura fique mais rica, principalmente, por causa das notas explicativas que também melhoram muito a interpretação do contexto. Eu gosto muito da leitura dessa bíblia e acho que me ajuda a crescer como cristã”, disse Jussara.
O religioso estigmatino, vigário provincial- Província São José, Secretário executivo do CEP e coordenador de pastoralidade do Colégio Católica de Brasília (DF), padre Isaac Celestino de Assis, diz que não existe a melhor Bíblia, há a Bíblia que melhor responde ao perfil do fiel e suas urgências.
“Assim sendo, a Bíblia pastoral é uma tradução que procura ser “a mais popular, sem, no entanto, descuidar de elementos importantes do texto bíblico que são explicados em notas. Acredita-se que tais notas, auxiliam o leitor no entendimento daquilo que se escuta. As referências têm a intenção de facilitar a hermenêutica – interpretação em vista do compromisso pessoal na transformação da consciência, atitudes e comportamentos”, destaca.
O padre Tiago Barbosa, da paróquia Santa Rita de Cássia, em Marília (SP), que também dá aulas no Curso de Teologia para Leigos e Consagrados (CTLC), diz que a maioria dos professores utilizam a tradução da CNBB.
“Nas disciplinas de escritos joaninos, virtudes e teologia da graça eu utilizo a tradução a Bíblia da CNBB. Só nas disciplinas de história da igreja antiga e medieval que nós recorremos menos a bíblia”.
Projeto
O projeto teve início em 2007, quando a coordenação de tradução e revisão, composta pelos padres Luís Henrique Eloy e Silva, padres Ney Brasil Pereira (in memorian) e Johan Konings, fez a revisão integral conjunta, enquanto os professores padre Cássio Murilo Dias, Paulo Jackson Nóbrega de Sousa e Maria de Lourdes Lima colaboraram em algumas partes.
Como surgiu o Mês da Bíblia?
O Mês da Bíblia surgiu em 1971, na arquidiocese de Belo Horizonte, por ocasião da celebração do seu cinquentenário. As Irmãs Paulinas, através do Serviço de Animação Bíblica (SAB) deram o primeiro impulso, e posteriormente a CNBB assumiu-o como uma proposta nacional.
Entre seus objetivos estão o de contribuir para o desenvolvimento das diversas formas de presença da Bíblia, na ação evangelizadora da Igreja, no Brasil; criar subsídios bíblicos nas diferentes formas de comunicação e facilitar o diálogo criativo e transformador entre a Palavra, a pessoa e as comunidades.
Fonte: CNBB