Maio: mês da mulher, ícone do mistério

Dom Jaime Vieira Rocha
Arcebispo de Natal

Começou o mês de maio, Mês Mariano, mês dedicado àquela que é a Mãe de Deus e Mãe da Igreja, Nossa Senhora.

A atenção que a Igreja tem para com a Virgem de Nazaré repousa na sua relação com a Santíssima Trindade. De fato, como expressa de forma brilhante o Concílio Vaticano II, a Virgem Maria “que na anunciação do Anjo recebeu o Verbo no coração e no seio, e deu ao mundo a Vida, é reconhecida e honrada como verdadeira Mãe de Deus Redentor. Remida dum modo mais sublime, em atenção aos méritos de seu Filho, e unida a Ele por um vínculo estreito e indissolúvel, foi enriquecida com a excelsa missão e dignidade de Mãe de Deus Filho; é, por isso, filha predileta do Pai e templo do Espírito Santo, e, por este insigne dom da graça, leva vantagem a todas as demais criaturas do céu e da terra” (CONCÍLIO VATICANO II. Constituição dogmática sobre a Igreja, Lumen gentium, n. 53).

A relação de Nossa Senhora com o mistério central de nossa fé, a Trindade de Pessoas divinas, como é a nossa relação de cristãos e cristãs, discípulos e discípulas de Jesus Cristo, se manifesta a partir do mistério da Encarnação. Por causa da vontade de Deus de se dar aos homens e às mulheres, decidindo que isso acontecesse, Ele envia ao mundo, seu Filho (cf. Gl 4,4ss), para revelar que, por meio dele, não só temos acesso ao Pai, mas também, foi por meio dele que tudo foi criado (cf. Cl 1,16). É por meio da Encarnação do Filho de Deus que conhecemos o mistério da Trindade divina e é revelado o mistério de nossa participação na vida divina, como também o mistério da Igreja como prolongação do mistério de Cristo. E essas são verdades centrais de nossa fé, das quais dependem todas as outras, e nas quais devemos sempre refletir, pois delas dependem a nossa salvação. Essas verdades celebramos na Eucaristia, e nelas vivemos. É bem verdade que às vezes esquecemos delas, sobretudo, quando o ativismo toma conta de nossa vida, quando deixamos de ver a “hierarquia das verdades”, isto é, quando não damos a devida importância a essas verdades, colocando-as abaixo de outras verdades, ou o que é pior, quando as desfiguramos com ensinamentos que traem o seu significado.

A devoção à Nossa Senhora deve sempre refletir essa especial relação com a Santíssima Trindade. Tudo em Maria respira a presença de Deus. Ela é a mulher ícone do Mistério (Bruno Forte), isto é, toda envolvida pelo mistério amoroso e cheio de ternura do nosso Deus. Ao rezar, ao venerar a Mãe de Deus somos conduzidos pelo seu exemplo a nos conscientizar de que esse mesmo Mistério nos envolve. E mais, tal devoção exige que nos sintamos vocacionados a essa mesma relação. De fato, pelo Batismo nós nos tornamos casa de Deus, morada da Santíssima Trindade, pois filhos no Filho, vivendo na força e na atuação do Espírito Santo, somos chamados a ser sinal de Deus no mundo em que vivemos. A Virgem Maria é o grande exemplo, é o “tipo” dessa vida em Deus, que acontece no mundo a partir da vida na Igreja, onde recebemos a graça de fazermos parte da vida divina.

Que os nossos louvores à Virgem Maria, especialmente nesse mês de maio, reafirmem nossa fé em Deus, Pai amoroso, cheio de ternura, rico em misericórdia, a fim de que, fortalecidos nessa mesma fé, sejamos também nós, ícones do Mistério, de modo especial, fazendo de nossa vida um continuar da vida de Jesus Cristo, na confiança, na imitação e vivência do seu Evangelho, vida e esperança para todos

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