Com informações da Pascom Olinda e Recife
Diante da possibilidade da construção de uma usina de energia nuclear às margens do rio São Francisco, no município sertanejo de Itacuruba (PE), a Arquidiocese de Olinda e Recife e a Diocese de Floresta (PE) estão se mobilizando em defesa da segurança hídrica e socioambiental da região.
Nesta segunda-feira (17), o arcebispo metropolitano dom Fernando Saburido e o bispo dom Gabriel Marchesi reuniram representantes de movimentos sociais, agentes de pastoral e deputados estaduais e federais de Pernambuco para debater o tema, no Recife. O bispo auxiliar e referencial para a Comissão Regional de Pastoral para o Serviço da Caridade, Justiça e Paz, dom Limacêdo Antonio da Silva, também participou do encontro.
“Como Igreja, nós não podemos ficar indiferentes a uma questão tão séria quanto essa, que é um dano à natureza. Fomos procurados por lideranças da região com grande preocupação. E somos solidários promovemos o debate com pessoas que tem poder para barrar um projeto como esse”, afirmou dom Saburido.
A criação da fonte atômica de energia foi sinalizada no Plano Nacional de Energia 2050, elaborado pelo Ministério de Minas e Energia (MME). Além de Itacuruba, outras oito localidades no Nordeste e Sudeste do país estão sendo estudadas para abrigar usinas.
De acordo com a Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, a Eletronuclear já concluiu estudos que indicam Itacuruba como a área ideal para a construção do empreendimento que custaria R$ 30 bilhões.
Apesar da intenção do Governo Federal, a legislação estadual proíbe a instalação de uma usina atômica em Pernambuco. De acordo com o Artigo 216 da Constituição Estadual, está proibida a instalação de usinas nucleares no Estado enquanto não se esgotarem toda a capacidade de produzir energia hidrelétrica e de outras fontes.
“Imaginem a possibilidade de vazamento de material radioativo no rio São Francisco, o rio da integração nacional, que passa por sete estados, 506 municípios e com 20 milhões de pessoas que dependem de suas águas. Seria desastroso”, argumentou o professor e representante da Articulação Antinuclear Brasileira, Heitor Scalambrini.
O temor é compartilhado por mais de 100 entidades que assinaram a “Carta em defesa da vida e em repúdio à implantação de novas usinas nucleares no Brasil”. O grupo realizou caminhadas, nos últimos dias 15 e 16, para chamar a atenção para o assunto, em Carnaubeira da Penha e Floresta, e defender a manutenção de comunidades tradicionais, como quilombolas e indigenas, que vivem na região.
Para dom Gabriel Marchesi, não se trata de fazer vencer “o medo sobre a esperança ou o imobilismo sobre o desenvolvimento, mas de se apropriar do papel de sermos Igreja e por isso, políticos”.
Com a reunião ficou decidida a realização de uma audiência pública em Itacuruba, contudo, o evento ainda não tem data para acontecer.