Igreja cobra apuração rigorosa do Estado em caso de menino assassinado em Pernambuco

A Comissão Pastoral da Terra – Nordeste 2 (CPT NE2), organismo vinculado à CNBB NE2, denunciou na sexta-feira (11) o assassinato de Jhonatas Oliveira, de 9 anos de idade, no Engenho Roncadorzinho, em Barreiros, Mata Sul pernambucana. O garoto foi baleado embaixo da cama depois que a casa em que morava foi invadida por sete homens. O pai da criança e liderança comunitária da região, Geovane da Silva Santos, também foi atingido pelos disparos, mas sobreviveu ao atentado. 

Neste sábado (12), a Arquidiocese de Olinda e Recife, por meio da Comissão Justiça e Paz, divulgou uma carta aberta ao governador de Pernambuco, Paulo Câmara, onde cobra “seu empenho pessoal” e rigorosa apuração para punir os responsáveis. “Vossa Excelência não pode permitir que Pernambuco se transforme num estado dominado por milícias”, diz um trecho da mensagem.

A arquidiocese afirma ainda “profunda solidariedade à família” das vítimas e garante que estará junto com a Diocese de Palmares (PE) – circunscrição eclesiástica onde ocorreram os crimes – a CPT NE2, Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado de Pernambuco (Fetape) e demais movimentos sociais acompanhando o caso.

>>> Leia a carta na íntegra

De acordo com informações da CPT NE2, por volta das 21h da quinta-feira sete homens encapuzados e fortemente armados invadiram a casa do presidente da Associação dos/as agricultores/as familiares do Engenho Roncadorzinho, Geovane da Silva Santos. Os acusados acertaram de raspão o pai no ombro e depois dispararam contra o filho dele, que não resistiu e morreu.

Segundo informações de agricultores e agricultoras da localidade, a casa do presidente da associação já foi alvo de outros atendados. A família e a comunidade estão aterrorizadas e em estado de choque.

As organizações sociais cobram que investigações sejam imediatamente realizadas para apurar a sua eventual relação com o conflito agrário instaurado no local. Contudo, independente da motivação, as entidades reforçam que é inadmissível e repugnante a invasão da casa de uma família e o execução cruel de uma criança.

Histórico de conflitos e omissão do Estado

No Engenho Roncadorzinho, a ocupação de agricultoras familiares se deu após falência das usinas onde trabalhavam ou eram credoras, mas nunca receberam as devidas indenizações. O engenho foi propriedade da Usina Central Barreiros, atualmente uma massa falida sob administração do Poder Judiciário que o arrendou. 

A comunidade existe há 40 anos e abriga cerca de 400 posseiros, sendo 150 crianças.  Nos últimos anos, a comunidade vem sofrendo diversas ameaças e violências promovidas por empresas que exploram economicamente a área, com intimidações, destruição de lavouras e com contaminação das fontes de água e cacimbas do imóvel por meio da aplicação direcionada e criminosa de agrotóxico de alta toxidade, segundo a Fetape.

Os casos de violência contra a comunidade vêm sendo denunciados pela CPT NE2 e pela Fetape há vários meses, sem que medidas efetivas sejam tomadas por parte do Estado para solucionar a tensão e a violência no local.

Com informações e fotos da CPT-NE2 e Fetape

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