Por dom Jaime Vieira Rocha*
Queridos irmãos e irmãs!
Na próxima quinta-feira, dia 20, a Igreja celebrará a Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo, mais conhecida como “Corpus Christi”. É uma festa muito antiga, as primeiras notícias vêm do século XIII, na cidade belga de Liège. Depois a festa se estendeu a toda a Igreja, por obra do papa Urbano IV.
A festa lembra, em primeiro lugar, aquela quinta-feira santa em que Jesus, na noite em que foi entregue, tomou o pão e deu graças, deu a seus discípulos, e o mesmo fez com o cálice com vinho e disse: “isto é meu corpo… este é o cálice do meu sangue”.
A Eucaristia significa o ato de doação, de entrega que o Filho de Deus feito homem, faz de sua vida. O seu Corpo é entregue como alimento, o seu Sangue é derramado por todos. Na festa de Corpus Christi a Igreja tem mais uma oportunidade de agradecer a Jesus por Ele ser o Redentor, o que resgata a nossa vida do pecado e da morte. Ação de graças este é o nome da Eucaristia.
“[Na Eucaristia] Jesus prepara-nos um lugar cá na terra, porque a Eucaristia é o coração palpitante da Igreja, gera-a e regenera-a, congrega-a e dá-lhe força. Mas a Eucaristia prepara-nos também um lugar lá em cima na eternidade, porque é o Pão do Céu. Vem de lá, é a única matéria nesta terra que tem verdadeiramente sabor de eternidade. É o pão do futuro, que já agora nos faz saborear um futuro infinitamente maior do que as mais risonhas expectativas. É o pão que sacia os nossos maiores anseios e nutre os nossos mais belos sonhos. Numa palavra, é o penhor da vida eterna: não apenas uma promessa, mas um penhor, isto é, uma antecipação, uma antecipação concreta daquilo que nos será concedido. A Eucaristia é a marcação, a ‘reserva’ do paraíso; é Jesus, viático do nosso caminho rumo à vida beatífica que não acabará jamais” (FRANCISCO. Homilia da Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo. 3 de junho de 2018).
A Festa de “Corpus Christi”, celebrada com tanto fervor e devoção, manifesta nossa fé neste Santíssimo Sacramento. Dele nos vem o sentido verdadeiro do culto, onde podemos celebrar a presença do Cristo glorioso em nossa vida. Um culto que agrada a Deus, pois a graça da comunhão, que não é um “prêmio” dos perfeitos, mas fármaco, sustento de nossa fraqueza, nos faz viver da misericórdia do nosso Deus.
“Não posso deixar de lembrar, afirma Francisco, a questão que se colocava São Tomás de Aquino ao interrogar-se quais são as nossas ações maiores, quais são as obras exteriores que manifestam melhor o nosso amor a Deus. Responde sem hesitar que, mais do que os atos de culto, são as obras de misericórdia para com o próximo: [92] «não praticamos o culto a Deus com sacrifícios e com ofertas exteriores para proveito d’Ele, mas para benefício nosso e do próximo: de fato Ele não precisa dos nossos sacrifícios, mas quer que nós os ofereçamos para nossa devoção e para utilidade do próximo. Por isso a misericórdia, pela qual socorremos as carências alheias, ao favorecer mais diretamente a utilidade do próximo, é o sacrifício que mais lhe agrada” (FRANCISCO. Exortação Apostólica sobre a santidade no mundo de hoje, Gaudete et Exsultate, n. 106).
Exorto a todos que realizem com zelo e decoro a procissão com o Santíssimo Sacramento. E ainda, de acordo com as orientações litúrgicas, a Hóstia que será levada em procissão deverá ser consagrada na Missa, isto é, a procissão de Corpus Christi deverá ser depois da Missa. É um momento de grande fervor para o povo de Deus. Peço a todos que não esqueçam de rezar, neste dia, pelas necessidades da Igreja, pelo Papa Francisco, pela Igreja diocesana, por mim, pelo Clero e por todos os fiéis leigos.
*Arcebispo da Arquidiocese de Natal e referencial
para a Comissão Regional de Pastoral para a Comunicação Social