Domingo completa 20 anos da histórica visita de João Paulo II a Havana, capital de Cuba

Num momento em que o papa Francisco está visitando dois países latino-americanos (Chile e Peru), recordamos a histórica visita do papa João Paulo II a Cuba, entre 21 e 25 de janeiro de 1998. Nascido na Polônia, João Paulo II conseguiu acabar com as tensões de quase meio século, assim como estreitar as relações entre Vaticano e Havana.

Há exatos 20 anos, João Paulo II estava no centro da Revolução Cubana. Pela primeira vez Cuba, abria-se à visita de um Papa, depois de um pedido feito pelo próprio presidente Fidel Castro, quando esteve no Vaticano.

Falecido em 2005, João Paulo II foi canonizado em abril de 2014. Como parte de um inédito diálogo iniciado em 2010, entre o cardeal Ortega e o presidente Raúl Castro, o governo autorizou a construção de novos templos católicos e, em 2013, começou a devolver para a Igreja local imóveis nacionalizados na década de 1960.

“Venho como peregrino do amor, da verdade e da esperança, com o desejo de dar um novo impulso à obra evangelizadora que, mesmo no meio de dificuldades, esta Igreja local mantém com vitalidade e dinamismo apostólico, caminhando rumo ao Terceiro Milénio cristão”, disse o santo padre em seu primeiro discurso no aeroporto internacional “José Martí”, em Havana, di 21 de Janeiro de 1998.

O teor político da homilia de João Paulo II ficou bastante evidente, principalmente quando o Papa falou sobre os sistemas ideológicos e econômicos nos dois últimos séculos que “pretenderam reduzir a religião à esfera meramente individual, despojando-a de toda a influência ou relevância social”.

Verdades veladas – Àquela época de verdades veladas em Cuba, João Paulo II deu ênfase à mensagem da liberdade. “A liberdade, que não se funda na verdade, condiciona de tal forma o homem que algumas vezes o faz objeto e não sujeito do seu contexto social, cultural, económico e político, deixando-o quase sem nenhuma iniciativa para o seu desenvolvimento pessoal. Outras vezes essa liberdade é de aspecto individualista e, não tendo em conta a liberdade dos outros, encerra o homem no seu egoísmo”, disse, em um de seus discursos, o sumo pontífice.

O papa João Paulo II contou ao então secretário de Estado do Vaticano, o cardeal Tarcisio Bertone, que Fidel Castro foi talvez o presidente que mais se preparou para recebê-lo. Bertone faz esta revelação em seu livro Un cuore grande. Omaggio a Giovanni Paolo II (Um grande coração. Homenagem a João Paulo II).

No livro, Bertone homenageia o papa João Paulo II por ocasião de sua beatificação, que será celebrada em 1º de maio. Em sua viagem, o papa criticou o embargo econômico imposto pelos Estados Unidos, sem citar diretamente o governo americano, assim como o sistema vigente em Cuba desde 1961, e pediu a todos os católicos que unissem seus esforços pelo progresso em clima de diálogo e entendimento.

Segundo Bertone, João Paulo II tinha um julgamento “muito positivo” dessa visita, “sobretudo pelo entusiasmo do povo” com a sua visita.
“Fidel Castro mostrou afeto pelo papa, que já estava doente, e João Paulo II me disse que possivelmente nenhum chefe de Estado tinha se preparado tão bem para uma visita de um Pontífice”, lembra Bertone em seu livro. Ele acrescentou que Fidel tinha lido as encíclicas de João Paulo II e inclusive algumas de suas poesias.

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