O arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido, e seu auxiliar, dom Limacêdo Antonio, enfrentaram as ladeiras do Morro da Conceição neste final de semana (13 e 14/10) para visita pastoral à Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, no bairro de Casa Amarela, no Recife. A administração da paróquia foi confiada aos missionários redentoristas, tendo à frente o padre Renato Azevedo como pároco, com apoio do padre José Ulysses, reitor do santuário, do padre Mailson Régis e do irmão Daniel.
Em dois dias, dom Fernando e dom Limacêdo participaram de reuniões do Conselho Paroquial Pastoral (CPP) e se encontraram com alguns grupos das comunidades, para conversar sobre suas realidades, dificuldades, necessidades e conquistas. “A visita pastoral não é uma inspeção para repreender ninguém, mas uma imersão nas realidades pastorais locais para avaliar o andamento dos trabalhos e propor ajuda para enfrentar os desafios”, disse o arcebispo. “Considero a visita pastoral um dos momentos mais importantes para a vida do bispo e da comunidade, enquanto Igreja”, afirmou.
A visita pastoral foi intensa. Promoveu encontros com os jovens crismandos, com integrantes da Pastoral do Idoso e com os jovens do EJC – Encontro de Jovens com Cristo. Os bispos visitaram as cinco capelas que fazem parte da paróquia: São José, Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, Santana, São Domingos Sávio e São João Batista. Em cada uma, conversaram com os coordenadores e animaram seu trabalho pastoral.
No sábado, as crianças da catequese fizeram perguntas a Dom Fernando. Quantos anos o senhor tem? Qual a função do bispo? Existe curso para se formar bispo? O senhor gosta de sua profissão? Recebe salário? Já foi coroinha? Pode se aposentar? Por que tem gente que não gosta de Deus? Deus gosta de quem é gay? O senhor gosta do cantor Léo Santana? Todas as perguntas receberam respostas, de forma simples, esclarecedora e carinhosa, num dos momentos mais bonitos da visita pastoral.
Nos dois dias de visita, dom Fernando subiu e desceu ladeira para estar junto dos doentes e idosos da comunidade. Dona Edite, por exemplo, tem 106 anos e está acamada há onze anos, sem possibilidade de participar das atividades no santuário. Dona Maria Grande, de 75 anos, não consegue mais andar por conta de artrose nos joelhos e, rezando com o arcebispo, pediu a cura para poder subir novamente a escadaria e poder voltar ao santuário. Dona Maria Alves completou 100 anos com missa no santuário e recebeu dom Fernando na sala, apesar das dificuldades de locomoção. “Visita é coisa boa porque a gente vê o outro e se renova”, disse.
Por onde passou, dom Fernando foi bem recebido e deixou uma palavra de alegria e esperança. Na comunidade de São José, no Alto José do Pinho, as crianças participavam de uma festa no amplo salão será a nova igreja. Antes pequena, a capela está sendo ampliada na intenção de ser transformada na matriz de uma nova paróquia. O arcebispo lembra, no entanto, que essa decisão não deve ser tomada considerando apenas o espaço físico, mas a vida pastoral atuante da comunidade. “Estamos acompanhando a caminhada dos fiéis e o crescimento das pastorais para levar o assunto ao Conselho da Arquidiocese”, comentou.
Para o pároco, padre Renato Azevedo, um dos grandes desafios da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição do Morro é a geografia. “Subir e descer as escadarias para encontros, celebrações e atividades pastorais é cansativo”, explicou. De fato, o deslocamento dos fiéis é sacrificado e até a circulação de carros nas ladeiras estreitas é difícil. “Mas é um povo dedicado e fiel que, na medida do possível, enfrenta tudo para estar perto da Imaculada Conceição e de seu filho Jesus”, comentou.
A Paróquia do Morro tem uma particularidade: fiéis de toda a Região Metropolitana frequentam as missas na matriz, que é o Santuário de Nossa Senhora da Conceição. Romeiros vêm de outros estados e são recebidos todas os dias no santuário. Durante a festa da padroeira, mais de um milhão de pessoas participam das celebrações, subindo o morro para pagar promessas e fazer orações aos pés da imagem da santa. Trazida da França em um navio em 1904, a imagem tem 3,5m de altura e fica por trás da igreja de vidro, de onde pode ser vista durante as celebrações. O reitor do santuário, padre José Ulysses, diz que Nossa Senhora da Conceição, “esta mesma, aqui do Morro”, está no coração de todos os pernambucanos. “Dessa forma, posso afirmar que não somente a comunidade local, mas a população pernambucana faz parte de nossa paróquia”, afirmou o reitor.
A visita pastoral à Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, no morro de Casa Amarela, encerrou com celebração eucarística no santuário na noite do domingo. Dom Fernando presidiu a missa, concelebrada pelos missionários redentoristas, com participação da comunidade local e de outras áreas do Recife.
Pascom AOR