Dom Jaime Vieira Rocha
Arcebispo de Natal (RN)
Neste domingo, celebraremos o “Dia das Mães”. É uma ocasião para manifestarmos nossa gratidão ao Bom Deus pelas mães, mulheres guerreiras, destemidas, transmissoras de carinho e de ternura. Com certeza, os nossos sentimentos são de gratidão, de louvor e de festa pelas mães. É preciso amar este ser que doa a vida, que se sacrifica, que suporta as dores, que manifesta suas preocupações e que reza constantemente para que o futuro dos filhos seja um futuro promissor. Neste sentido, como não rezar pelas mães que sofrem desprezo, abandono ou que se sentem desanimadas ou cansadas por tudo o que sofrem pelos filhos. Nós o faremos, sobretudo, na celebração da Eucaristia, onde adoraremos e louvaremos o Pai bondoso e cheio de compaixão, Deus que nas mães faz traduzir a sua ternura por toda criatura: “Qual mãe que acaricia os filhos assim vou dar-vos carinho, em Jerusalém é que sereis acariciados” (Is 66,13).
A mensagem da Igreja para as mães é sinal da benevolência e misericórdia do Deus amor. O próprio Deus, apresentado por Jesus como Pai amoroso, clemente e misericordioso, manifesta toda sua atenção às mães, não só quando se preocupa com aquelas mulheres que, sendo estéreis ou de idade avançada, não tinham a alegria de ser mãe (cf. Gn 18,9-15, cf. 17,18-19; Jz 13,1-5, a mãe de Sansão; 1Sm 1,1-28, Ana, mãe de Samuel; Lc 1,1-27, Isabel, mãe de São João Batista), mas, numa passagem especial mostra toda a sua atenção ao amor de uma mãe, ao assumir que o seu amor é como o de uma mãe que nunca se esquece dos seus filhos: Is 49,14-15.
Embora Deus seja chamado de “Pai” no Novo Testamento, encontramos no Antigo Testamento, várias citações onde o amor de Deus é comparado ao amor de uma mãe. Além do texto de Isaías, citado, encontramos outro, no mesmo livro do Profeta, onde vemos que o amor de Deus pelo seu povo supera o amor de mãe, quando esse não existe: “Sião vinha dizendo: ‘O Senhor me abandonou, o Senhor esqueceu-se de mim!’ Acaso uma mulher esquece o seu neném, ou o amor ao filho de suas entranhas? Mesmo que alguma se esqueça, eu de ti jamais me esquecerei!” (Is 49,14-15; cf. Sl 27,10).
Podemos citar aqui aquelas palavras tão doces do Papa Beato João Paulo I, na famosa alocução do Angelus do dia 10 de setembro de 1978: “Também nós, que nos
encontramos aqui, temos os mesmos sentimentos; somos objeto, da parte de Deus, dum amor que não se apaga. Sabemos que tem os olhos sempre abertos para nos ver, mesmo quando parece que é de noite. Ele é papá; mais ainda, é mãe”. É claro, isso não significa que vamos agora chamar Deus de “Mãe” ao invés de “Pai”. Mas, é bom lembrar que quando chamamos Deus de “Pai”, estamos seguindo o exemplo de Jesus e precisamos entrar em seu coração. Para Jesus, Deus Pai significa que Ele é amor, sempre amor: “Eu te amo com amor eterno; por isso, guardo por ti tanta ternura” (Jr 31,3), ou ainda: “Mesmo que as serras mudem de lugar, ou que as montanhas balancem, meu amor para contigo nunca vai mudar, minha aliança perfeita nunca há de vacilar – diz o Senhor, o teu apaixonado” (Is 54,10).
Neste Dia das Mães, também lembramos daquela que foi escolhida para ser a Mãe do Senhor Jesus, modelo de mulher crente, obediente à Palavra de Deus e que, na liberdade, aceita o plano divino, que é sempre o de tornar o homem e a mulher felizes, porque libertos da escravidão do pecado. Em Maria, a Virgem de Nazaré, Deus realiza e concretiza o seu desejo de comunhão e de amizade com o ser humano, sempre manifestando-lhes ternura e compaixão.
Que a Virgem Mãe, Mãe de Deus e nossa, cubra com seu manto todas as mães e que elas sejam sempre agraciadas com a ternura divina.