Cooperativas de catadores de recicláveis do Litoral Norte recebem visita de dom Limacêdo

Na quinta-feira, 10/01/19, o bispo auxiliar da Arquidiocese de Olinda e Recife realizou visitas ao longo do dia a quatro cooperativas e associações de catadores de material reciclável de quatro municípios do Litoral Norte da Região Metropolitana do Recife: Itamaracá, Itapissuma, Igarassu e Abreu e Lima. A iniciativa fez parte da agenda de compromissos do bispo auxiliar como presidente da Comissão Arquidiocesana para a Ação Social Transformadora e teve como objetivo estreitar os laços da Arquidiocese com a realidade dos irmãos catadores. Conforme explicou o vigário geral da Arquidiocese, as visitas servem para detectar os desafios dos catadores e pensar em uma articulação da Arquidiocese,  das paróquias e das pastorais, para transformar as vidas dos catadores. Dom Limacêdo visitou as associações em companhia de dos coordenadores da Pastoral Ambiental, Rodrigo Correia e Marta Oliveira. No decorrer do dia, também integraram a comitiva episcopal na visita o vigário episcopal do Vicariato Igarassu, monsenhor Hélio do Nascimento, o padre Edvaldo Manoel da Silva, da paróquia Nossa Senhora das Dores, o diácono Jaime Bonfim, da paróquia São Miguel Arcanjo, em Abreu e Lima, o padre Manoel Marques de Miranda, pároco de São José, Abreu e Lima e Robson Campelo, coordenador de Resíduos Sólidos da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (Incubacoop),  da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).

Associação Proilha, na ilha de Itamaracá

Os grupos populares visitados por dom Limacêdo e comitiva foram os seguintes:  Associação dos Agentes Ecológicos Recicladores da Ilha de Itamaracá (ProIlha), a Associação padre José Servat, em Itapissuma, a  Cooperativa de Reciclagem de Plástico (Cooreplast), no bairro Fosfato, em Abreu e Lima e a Cooperativa de Catadores de Material Reciclável Erik Soares (Coocares), no bairro Desterro, também no mesmo município da Região Metropolitana do Recife. Com  atenção e sensibilidade pastoral, o bispo auxiliar ouviu os desafios e as narrativas dos catadores de material reciclável e motivou-os a prosseguirem na luta, plantando a esperança em suas duras realidades. Apesar da riqueza de histórias e das diferentes etapas de organização das cooperativas e associações de catadores, os desafios comuns a todas eram a necessidade de visibilidade do trabalho ecológico desenvolvido, a carência de apoio dos poderes públicos e a falta da implantação da coleta seletiva nos municípios do Litoral Norte. No seio das cooperativas de catadores é possível encontrar ainda muita gratidão, solidariedade e disposição para o trabalho em equipe. Verdadeiramente dom Limacêdo e comitiva obtiveram aprendizados que evidenciaram a reciclagem não apendas de materiais, mas de histórias de vidas, como a da catadora dona Maria José, associada da Coocares, em Desterro, Abreu e Lima. Ela e a família tiravam o seu sustento do extinto lixão de Abreu e Lima, até a sua desativação. Com o fechamento do lixão na cidade, ela e outros catadores passaram a fazer parte da Cooperativa de Catadores de Material Reciclável Erik Soares (Coocares). “Minha vida mudou e para melhor aqui na Coocares, pois aqui trabalhamos com equipamento de proteção, tem maior higiene e condições dignas para nos alimentar e nos assear. Aqui a gente se sente como um trabalhador. No lixão a gente encontrava até cadáver no meio do lixo, era urubu e germes, doenças, um horror só”, relata dona Maria José.

O pároco de São José, no município de Abreu e Lima, padre Manoel Marques de Miranda acompanhou de perto a luta no município, contra a implantação do lixão na cidade. Foram mais de quinze anos de batalhas, ao lado dos mais pobres, buscando alternativas dignas para a população de catadores. O padre Manoel apoia os catadores. No bairro do Fosfato, em Abreu e Lima, existe a Cooperativa de Reciclagem de Plástico (Cooreplast), construída ao lado da capela São Francisco de Assis.

A Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (Incubacoop) da UFRPE, a partir do projeto Reciclação, vem desenvolvendo desde 1999 atividades de extensão universitária com empreendimentos solidários de resíduos sólidos das cidades de Abreu e Lima, Igarassu, ilha de Itamaracá e Paulista, na promoção de ações que visem a consciência ambiental e a economia solidária nestes grupos populares. Segundo Robson Campelo, o projeto Reciclação tem o objetivo gerar renda e trabalho para os catadores de materiais recicláveis, além de promover educação ambiental nas escolas e comunidades em relação ao processo de coleta seletiva porta a porta. Outro objetivo da incubadora é  estimular a criação de uma rede solidária de comercialização entre os grupos assessorados, ampliando as atividades desenvolvidas pelos empreendimentos, fortalecendo o escoamento da produção e gerando mercado de trabalho para os catadores.

A pastoral Ambiental é um dos braços da Comissão Arquidiocesana da Pastoral para a Ação Social Transformadora (anteriormente denominada de “Pastorais Sociais”) e tem como objetivo buscar uma sociedade mais igualitária e mais sustentável. A Pastoral foi criada em 2018 e começa a dar os primeiros passos, com a proposta de levar a discussão das questões ambientais para a população em geral. O grupo, que está em processo de articulação, é formado por pessoas das paróquias da Várzea, Casa Forte e Camaragibe e está fazendo o diagnóstico das comunidades para poder agir nos seus problemas socioambientais.

Dom Limacêdo agendou com a Pastoral Ambiental da Arquidiocese uma nova visita ao município de Paulista, para conhecer outras experiências na região, em associações de catadores, para o próximo dia 17/01. Novas oportunidades de diálogo e de resgate social brilham no horizonte do ano que se inicia. Basta acreditar e dar o primeiro passo.

(Pascom AOR)

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