O arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido, recebeu na manhã desta sexta-feira (06/04), na Cúria Metropolitana, o monsenhor Limacêdo Antônio da Silva, nomeado esta semana bispo auxiliar da Arquidiocese pelo Papa Francisco.
Dom Fernando recebeu o monsenhor Limacêdo em sua sala e ofereceu as boas-vindas, dando-lhe de presente uma cruz peitoral. “A cruz é uma das Insígnias Episcopais que recorda que, aonde o bispo for, ele é representante de Jesus Cristo e tem a missão de anunciar o mistério de sua morte e ressurreição”, explica dom Fernando. “Além da cruz, passei às mãos do monsenhor, com muita alegria, o Planejamento Pastoral 2018 da Arquidiocese, nosso Diretório Litúrgico Sacramental e o catálogo do clero, movimentos e pastorais da Arquidiocese”, informou.
O auxiliar nomeado vai ser ordenado bispo em 10 de junho, na catedral de Nazaré da Mata. O dia coincide com o aniversário de dom Fernando Saburido. “Sugeri a data sem saber do natalício”, comentou monsenhor Limacêdo, “mas fiquei feliz; é um sinal de que estamos conectados”. Outra coincidência foi o nome de sua diocese (os bispos auxiliares são nomeados para dioceses não físicas e servem a bispos de dioceses reais): Diocese de Salde, nome de uma região do Marrocos. Um afilhado lhe informou que esta foi a diocese de dom Helder Camara quando foi nomeado auxiliar da Diocese do Rio de Janeiro.
Monsenhor Limacêdo participou da reunião do Conselho Episcopal. Minutos antes, conheceu as instalações da Comissão Arquidiocesana de Pastoral para a Comunicação (Pascom), visitando o estúdio e a sala de imprensa, onde concedeu entrevista exclusiva.
Pascom AOR– Como o senhor recebeu a notícia de sua nomeação para auxiliar a Arquidiocese de Olinda e Recife?
Monsenhor Limacêdo – Foi um dos momentos mais fortes de minha vida. Nunca esperei ser convidado para ser bispo, minha vida sempre foi no sacerdócio ministerial. Lecionei no Seminário de Olinda e em Caruaru, mas meu dia-a-dia é na paróquia. Na hora do convite, feito por telefone, a pessoa dizia que estava falando em nome da Nunciatura, em nome do Papa, e eu pensava “acho que erraram o número do telefone”. Era uma segunda-feira, eu estava sozinho na casa paroquial. Aquele telefonema fez minha vida mudar, foi um momento de questionamento, será que eu poderia? Caí de joelhos porque as pernas não me seguravam. E eu me lembrei dos 100 anos da Diocese de Nazaré, momento de agradecer à Mãe! Eu não sabia se tinha que responder logo, mas confiei na graça de Deus e aceitei. Tive coragem!
P – Sabemos que o senhor já conhecia dom Fernando. Qual a expectativa de trabalhar mais diretamente com ele?
ML – A expectativa é a melhor possível. Fomos colegas no mosteiro de São Bento e eu não quero atrapalhá-lo (risadas). A parceria já está funcionando, nos comunicamos muito por telefone e WhatsApp, e como disse em minha mensagem oficial, eu vim para “ser um” com o arcebispo. Quero ser colaborador dele 24 horas por dia. Gosto muito de trabalhar. Com os religiosos e religiosas, com os padres diocesanos, com quem está inserido no mundo da cultura, da educação, o mundo do campo social, eu quero ajudar a tocar nas chagas de Cristo. Penso que a fé tem que se encarnar. Daí meu lema episcopal, em primeira mão: “Verbum carum factum est” (O verbo de Deus se fez carne).
P – Como o senhor descobriu sua vocação?
ML –Na verdade, quando eu era jovem, queria ser pai de seis filhos, ter uma família grande como tinha na minha casa (risadas). Também quis ser médico, jornalista, administrador de empresas. Mas o salmo diz que “os meus caminhos não são os vossos caminhos”. Como eu era da Legião de Maria, ajudei a fundar um grupo jovem em Nazaré da Mata e um dia uma irmã da congregação das Damas Cristãs chamou os jovens para rezarem ao redor do altar. Nós nos sentamos quase debaixo do altar e aquela proximidade me encantou. Jovem é mesmo uma coisa interessante, gosta dessas coisas criativas. Naquele dia, a irmã nos disse que, no Brasil, milhões de pessoas passavam fome da Palavra de Deus e fome na barriga mesmo. Eu saí dali e fiquei atormentado por aquelas palavras por um mês. Aceitei o convite de um amigo que ia ser Paulino, participei de um encontro de vocacionados Salesianos e lá pensei: “Meu Deus, isso é pra mim, quero ser padre, servir o povo, quero alimentar as pessoas com a Palavra e cuidar da fome da barriga também”.
P – Como sua família reagiu ao saber de sua decisão em se tornar padre?
ML – Fui dizer ao meu pai e ele foi perfeito. Era cortador de cana e de banana, uma pessoa simples, da terra, mas foi muito sábio. Ele somente me perguntou: “Você acha que vai ser feliz? Então vá”. E eu fui dizer a minha mãe, que chorou por um ano… “Meu filho, você me ajuda tanto, assim você vai quebrar meus braços e minhas pernas”, ela disse. Foi difícil fazer sofrer a pessoa que eu mais amava no mundo. Mas eu segui, ouvindo Deus, e depois, quando eu ia celebrar a Eucaristia, ela era a primeira da fila, feliz pelo filho padre.
P – O senhor vai passar por uma grande mudança: de padre de uma diocese pequena para bispo auxiliar de uma Arquidiocese com quatro milhões de habitantes. Qual vai ser o maior desafio dessa mudança?
ML – O desafio é sempre evangelizar, é o anúncio nesse mundo urbano. É um mundo contraditório, de concorrência, de inteligências, de debates – e que, por isso mesmo, precisa de Deus. Quero contribuir para que a Palavra chegue a quem eu encontrar – e conquiste, transforme quem eu encontrar pelo caminho.
P – Qual a mensagem que o senhor deixa para os fiéis da Arquidiocese de Olinda e Recife?
ML – Primeiro, quero dizer que estou muito feliz por Deus me chamar para essa missão. Fui nomeado bispo auxiliar para Olinda e Recife no dia em que completei um ano na Paróquia de Nossa Senhora das Dores, em Aliança. Digo portanto, a todos, de minha imensa alegria e de minha felicidade em viver agora entre vocês. Venho para servir, venho para trabalhar junto com o clero e com os leigos, quero ser um fiel colaborador do arcebispo, nas alegrias, nas tristezas, nos desafios e nas esperanças. Vamos juntos ser Igreja nesse mundo de condomínios, de favelas, de universidades, de cultura e de lixões. E que Deus nos abençoe.
Pascom AOR