A Igreja celebra neste Domingo do Tempo do Natal a Epifania (palavra grega que significa “manifestação”) do Senhor. Deus revelou-se na esperança do Menino de Belém. Celebramos hoje Cristo, Luz de todo o mundo, e a sua manifestação às gentes. Na pequenina Belém, esta “luz esperançosa” passou a existir a um minúsculo grupo de pessoas, um “resto de Israel”: a Santíssima Virgem Maria, o seu esposo José e alguns poucos pastores. Uma luz humilde – como costuma ser Deus em suas manifestações. Um verdadeiro clarão acendeu-se na noite: um frágil recém-nascido, que chora no silêncio do mundo, e que agora se mostra como única salvação.
A chegada dos Magos do Oriente a Belém, para prestar adoração ao recém-nascido Messias, é o sinal de manifestação do Rei universal a todos os homens que buscam encontrar a Verdade. Vivemos numa sociedade fortemente marcada pela rejeição de Deus, onde a histórica convicção de que Deus está presente em tudo parece não ser mais tão bem-vinda. Constrói-se uma modernidade com as experiências de muitas “outras verdades”, e claro que, para o homem moderno, Deus não deve ser o centro, mas ele mesmo é a infeliz medida de todas as coisas.
Infelizmente assistimos à efetivação da ditadura do relativismo, que descarta a Verdade de Deus, daquele que na boca de Jesus disse: “Eu Sou o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14, 6). O sábio Papa Emérito Bento XVI, por diversas vezes, alertou à Igreja sobre o estrago do relativismo: “Vai-se constituindo uma ditadura do relativismo que nada reconhece como definitivo e que deixa como última medida apenas o próprio eu e as suas vontades”.
Celebrar a Epifania do Senhor é reconhecer que o Amor de Deus é missionário – esse amor não se fecha a si, mas caminha para os outros. A proposta do amor cristão é o remédio para qualquer tipo de realidade que fecha o homem em si mesmo; o amor de Cristo tem o poder de nos libertar, de quebrar as correntes que nos prendem, e de banir todo relativismo que oprime os homens e mulheres deste tempo. Para o Papa Francisco, o segredo de se colocar dentro do Mistério do Natal está no ato de se pôr em movimento, assim como fizeram os Magos: “Esses homens viram uma estrela, que os pôs em movimento. (…) Como justamente reconheceu um padre da Igreja, os Magos não se puseram a caminho porque tinham visto a estrela, mas viram a estrela porque se tinham posto a caminho” (cf. João Crisóstomo).
Dom Manoel Delson
Arcebispo Metropolitano da Paraíba