Há 25 anos, um leigo católico, morador do Recife, resolveu dar um basta ao conformismo diante do cenário cotidiano de crianças expostas à violência e ao desamor, que perambulavam pela cidade, embriagadas pelo vício da cola de sapateiro e assombradas pela indiferença da sociedade. Dotado de grande fé em Deus e inspirado em soluções simples, o então professor Sebastião Barreto Campello buscou incansavelmente parcerias e procurou o arcebispo da Arquidiocese de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, nos anos 1990. Recebeu acolhida e apoio para criar um projeto que vem contemplando gerações e hoje caminhas com suas próprias pernas, demonstrando maturidade, o Movimento Pró-Criança. Para selar os 25 anos de criação desta instituição que cuida do bem-estar de milhares de crianças e adolescentes do grande Recife, um momento de homenagens e celebrações foi vivenciado na tarde do dia 27 de julho de 2018. A programação aconteceu na igreja da Madre de Deus, no Recife Antigo e contou com uma missa em ação de graças presidida pelo arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido.
A celebração eucarística reuniu colaboradores, voluntários, beneficiários e apoiadores do Pró-Criança, que desde 1993, vêm escrevendo juntos histórias de transformação social e de superação de desafios. Em sua homilia, dom Fernando lembrou que neste 2018 é comemorado o Ano Nacional do Laicato e que iniciativas como a criação do Movimento Pró-Criança representam um exemplo a ser seguido por todos os leigos. Emocionado, o presidente-fundador do Pró-Criança, professor Sebastião Barreto Campello, declarou que a entidade nasceu da necessidade de estar em comunhão com os ensinamentos de Jesus Cristo. Segundo ele, o Pró-Criança é uma obra abençoada por Deus, pois desafios acontecem diariamente, mas tudo é suprido. Uma das frases que inspiram o fundador do Pró-Criança estava estampada no livreto da missa: “O que eu faço é uma gota no meio de um oceano. Mas sem ela, o oceano será menor”, de autoria da madre Teresa de Calcutá.
Para abrilhantar a celebração eucarística, o Coral e a orquestra do Pró-Criança fizeram o acompanhamento musical da missa. Presente na assembleia estava Teresa Cristina da Silva, moradora do bairro dos Coelhos e mãe de três ex-alunos do Pró-Criança e atualmente avó de dois alunos. Teresa Cristina conta que por meio da instituição, seus filhos e netos conseguiram bolsas de estudos e incentivo para conquistarem uma educação de qualidade e boa base ética e profissional. “Muitos amiguinhos e vizinhos de meus filhos já estão mortos, pois se envolveram com coisas erradas na comunidade onde residimos. O Pró-Criança abriu uma janela de oportunidades para meus filhos e agora, chega aos meus netos. Por isso estou aqui hoje, pois só tenho a agradecer”, revela a mãe e avó.
O Movimento Pró-Criança é uma entidade sem fins lucrativos, vinculada à Arquidiocese de Olinda e Recife e tem como missão promover o direito à cidadania de crianças, adolescentes e jovens em situação de risco ou abandono, na jurisdição dos municípios que compõem a arquidiocese. São oferecidas às crianças e adolescentes atividades de educação complementar e oportunidades de inclusão social. Funcionando em três unidades – Piedade, Coelhos e Recife Antigo – o Pró-Criança prioriza a formação integral dos beneficiários, com cursos como canto coral, artes, letramento, balé, judô, música, robótica, desenvolvimento de games e percussão.
Até dezembro deste ano, a entidade terá ultrapassado a marca de 30 mil crianças, adolescentes e jovens atendidos diretamente. “Tivemos um grande desenvolvimento ao longo da história e hoje atendemos por ano mais de 2.500 meninos e meninas, mas a meta é dobrar esse número de beneficiários anuais para isso precisamos aumentar os investimentos mensais”, afirmou Campello.
O MPC é mantido por doações, em sua maioria, de pessoas físicas. Segundo dados do balanço 2017, 75% das doações do ano passado foram realizadas por pessoas comuns que acreditam no projeto. Em números absolutos, são 566.749 colaboradores que doam valores mensais entre R$ 1 e R$ 100 por meio das contas de energia elétrica (Campanha Clarear), de água (Campanha Conta Comigo) ou boleto bancário.
“O Movimento Pró-Criança só existe porque a sociedade quer e acredita na transformação social que podemos promover na vida dos menos favorecidos e é isso que nos motiva a continuar”, declarou o diretor de planejamento da instituição, Paulo José Barbosa. Ao todo, incluindo captações por meio da Lei Rouanet, doações de empresas, entes públicos e de fundações internacionais, o MPC arrecadou R$ 6,6 milhões no ano passado. Cerca de 80% dos recursos foram investidos diretamente nos beneficiários – R$ 200,53 por jovem.
(Pascom Arquidiocese)
