Dom Fernando Saburido
Arcebispo de Olinda e Recife
Este é o tema escolhido pela CNBB para o mês vocacional a ser celebrado agora em agosto. O objetivo do mês vocacional é se constituir como tempo especial de reflexão e oração pelas vocações e ministérios eclesiais. O tema e o lema escolhidos para este ano são inspirados na Exortação Apostólica pós-sinodal “O Cristo vive”, que o papa Francisco dirigiu a toda Igreja, depois do sínodo sobre juventude.
Neste momento de pandemia, experimentamos nossa fragilidade e sofremos ao ver no Brasil grupos cristãos que propagam uma imagem de Deus que legitima boa parte da sociedade injusta e desumana. Neste contexto, damos graças a Deus que a CNBB tenha escolhido este tema para o mês vocacional. De fato, a base de nossas vidas e nossas vocações é o amor gratuito de Deus. Antes mesmo que o conhecêssemos, Ele nos escolheu e nos chamou para sermos testemunhas do seu amor e do seu projeto de vida e salvação para todos. Através de Jesus, Ele nos chama e nos envia para vivermos o seu projeto de amor no mundo.
Recebemos esta vocação pelo batismo que faz de nós verdadeiros sacerdotes e profetas. Vivemos isso nos organizando como Igreja, comunidade de fé, sacramento vivo da presença divina no mundo. Cada Igreja local, em comunhão com as outras, forma a catolicidade, ou seja, a comunhão universal. Assim como acreditamos que na eucaristia, em cada pedaço de pão consagrado, está o Cristo inteiro, também, em cada comunidade local, acontece a Igreja como mistério. Na celebração eucarística, depois de lembrar a instituição da ceia, o celebrante diz: “Eis o mistério da fé”. O mistério da fé está ali presente no pão e vinho consagrados, mas especialmente na comunidade que celebra e é verdadeiramente, o Corpo de Cristo.
Para viver isso, a Igreja nos organiza em uma diversidade de missões. Podemos viver a vocação batismal, como fiéis organizados em comunidades, ensaios de um mundo fraterno. Podemos viver como consagrados/as, nas diversas formas de vocação religiosa. E podemos viver os ministérios ordenados como diáconos, presbíteros (padres) em comunhão com o bispo e com as outras Igrejas locais. Em todas estas vocações, o chamado é um só. As funções são diversas como o Espírito nos inspira a vivermos.
Este mês das vocações é ocasião para renovarmos a alegria de nos sentir chamados/as e dar graças a Deus e à Igreja pela vocação que nos dá. Neste mês das vocações de 2020, o lema escolhido é a palavra do profeta Isaías: “És precioso aos meus olhos. Eu te amo” (Is 43,1-5). Que esta declaração de amor tão profunda e especial ressoe hoje em nossas vidas. Que possamos, neste momento especial de quarentena, celebrar em nossos corações a graça da vocação batismal, raiz de todas as vocações e aprofundar a riqueza das diversas vocações na nossa Igreja local.
No primeiro domingo de deste mês a liturgia lembra especialmente as vocações para o ministério ordenado (diáconos, sacerdotes e bispos), por conta da memória do patrono dos párocos – São João Maria Vianney, no dia 04 de agosto. No terceiro domingo, Solenidade da Assunção de Nossa Senhora, celebramos o dia da vida religiosa e consagrada. Quero parabenizar e agradecer a todos/as pelo sim e pela disponibilidade a serviço da Igreja. Por outro lado, pedir a todos os fiéis que rezem pelas vocações ao ministério ordenado e à vida religiosa e consagrada. Que Deus suscite entre nós vocações proféticas, totalmente disponíveis para o serviço dos irmãos/ãs, especialmente os mais pobres e necessitados.