Dom Fernando Barbosa, CM
Bispo da Diocese de Palmares (PE)
No atual momento em que vive a Igreja, onde se busca construir novos caminhos para que toda a humanidade caminhe junto, construindo uma dinâmica integradora dentro das comunidades cristãs, sendo sinal de comunhão e fraternidade na vida dos irmãos e irmãs no mundo todo. Faz-se necessário fixar com maior sensibilidade os serviços que são desempenhados cotidianamente dentro das Igrejas e que ajudam a melhor servir a Deus sendo ponte na aproximação do humano com o Sagrado. Há muito tempo, a Igreja instituiu ministérios a fim de possibilitar que as pessoas pudessem também ajudar na missão de servir ao povo de Deus, dentro das necessidades presentes. “Por meio desses ministérios, eram confiadas aos fiéis funções da sagrada liturgia e da caridade que eles haviam de exercer de maneira adequada às diversas circunstâncias” (Ministeria Quaedam, Introdução). Assim, percebemos que a comunidade se forma também através dessas funções que são cruciais para o bom exercício da missão na vida das comunidades e a vivência da sinodalidade vem despertar, no meio eclesial, novos ministérios que contribuam para o exercício de uma fé praticada através dos serviços exercidos em função do projeto de Cristo.
Com toda a sua sensibilidade e santidade, o Papa Francisco, há pouco, estabeleceu com um Motu Proprio que os ministérios do Leitorado e do Acolitado sejam abertos às mulheres, institucionalmente, pois viu a necessidade de instituir essa prática que já ocorre em diversas comunidades. Sempre orientado pela sabedoria do Espírito Santo, o Santo Padre aposta na abertura a um novo caminho que contribua para que a missão da Igreja seja mais efetiva, alcançando a todos. “É desejo ardente da Mãe Igreja que todos os fiéis cheguem àquela participação plena, consciente e ativa nas celebrações litúrgicas que a própria natureza da Liturgia reclama, e que por força do Batismo, constitui direito e dever do povo cristão, ‘raça escolhida, sacerdócio real, nação santa e povo adquirido’” (1 Pd 2, 9; cf. 2, 4-5). Essa conversão que a Igreja é motivada a viver nesse processo sinodal, implica no despertar de novas formas de incluir o povo santo nessa “participação plena. consciente e ativa” (Sacrosanctum Concilium, n. 14).
A Igreja que se renova na graça divina, sempre está apta ao novo e a despertar para o compromisso com a tarefa de manter viva as obras de Deus. O Papa vem fazendo diversas mudanças nos ministérios eclesiásticos, mantendo o compromisso de reconhecer o serviço daqueles que recebem o dom de se doarem profeticamente, possibilitando à Igreja manter-se firme e fiel ao comprometimento com a evangelização do Povo de Deus, reconhecendo que, nas suas peculiaridades, as pessoas se doam a tais serviços a partir do que se identificam e sentem-se, de certa forma, familiarizados com modos específicos de ser instrumento do anúncio da Palavra de Deus.
A sinodalidade, na prática, inquieta principalmente os nossos corações como pastores aos quais foi designada a missão de conduzir o Povo de Deus, por isso que nós estejamos atentos para motivar, dentro de nossas Igrejas, a vocação do serviço que contribui para a aproximação do povo com Deus. Devemos, assim, fazer com que as pessoas assumam o compromisso de estar a serviço nesses ministérios que vem sendo instituídos pelo Papa, pois “Uma Igreja que não tivesse ministérios, Igreja não seria. Os ministérios na e da Igreja emergem do seu ser e destinam-se à sua missão”.
Que a sinodalidade ajude a nossa Igreja a ser integradora, fraterna e sempre aberta a criar um dinamismo que possa integrar a todos os irmãos e irmãs no serviço do Reino aqui na terra.