A Igreja e a tarefa de evangelizar

Dom Jaime Vieira Rocha 
Arcebispo de Natal (RN)

Desde o dia 11 de janeiro, o Papa Francisco vem fazendo uma nova série de catequeses nas audiências gerais da quarta-feira. O tema desse novo ciclo é a paixão pela evangelização, o zelo apostólico. Segundo o Papa “trata-se de uma dimensão vital para a Igreja: com efeito, a comunidade dos discípulos de Jesus nasce apostólica, nasce missionária, não proselitista e desde o início deveríamos distinguir isto: se missionária, ser apostólica, evangelizar não é o mesmo que fazer proselitismo…O Espírito Santo plasma a Igreja – a Igreja em saída, que sai – para que não fique fechada em si mesma, mas seja extrovertida, testemunha contagiosa de Jesus, – a fé também se contagia – destinada a irradiar a sua luz até aos extremos confins da terra” (FRANCISCO. Audiência Geral. Sala Paulo VI. Quarta-feira, 11 de janeiro de 2023) 

Ao conduzir o rebanho que me foi confiado no ensinamento da fé, sou chamado a proclamar a Igreja una, santa, católica e apostólica. Como cristão, batizado na fé da Igreja, exorto a todos que amem a Igreja e a reconheçam como aquela que nos gerou para a fé em Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador. A Igreja nasce da ação de Deus Pai de criar o homem e a mulher, por meio de seu Verbo, seu Filho, e do seu Espírito. Criados à imagem e semelhança de Deus, isto é, para serem conformes à imagem do Filho, destinados a filiação divina, os homens e as mulheres são chamados para participarem da comunhão divina, do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Para que isto acontecesse Deus fez aliança com os antepassados, Noé, Abraão, Moisés; enviou os profetas para proclamarem a fidelidade de Deus diante dos pecados do seu povo, a renovação da aliança como promessa de realidade definitiva e logo, com a Encarnação de seu Filho, Jesus Cristo, inaugurar o tempo da Igreja, tempo de imitação e seguimento de Cristo, por meio do Espírito Santo, que nos foi dado para que pudéssemos ter fé. Tempo de missão, tempo de anúncio do Evangelho, esperança e paz para todos. 

Isto é o que significa a Igreja: comunidade de homens e mulheres que, marcados pelo selo do Espírito no Batismo, reconhecem que Jesus Cristo é o Senhor crucificado e ressuscitado. Ele é a nossa esperança. É Ele que nos perdoa, justifica, santifica e conduz à vida eterna. Todas as vezes que nós, pastores e leigos, esquecemos desta verdade, tornamos a Igreja uma instituição unicamente humana. Mas, ela, a Igreja, é uma realidade humana, porém, habitada pelo Espírito para viver para Deus em Jesus Cristo. Existe o pecado entre nós? Sim, todos nós, pastores e leigos, somos pecadores, pois confessamos na Celebração Eucarística: Kyrie, eleison, “Senhor tende piedade de nós”. Mas, como disse o Papa, na última quarta-feira, na segunda catequese sobre o tema da paixão pela evangelização, “Deus sente saudade de nós”. Ele “não está vigiando o lugar das suas ovelhas e nem sequer as ameaça porque se vão. Pelo contrário, se uma se perde, não a abandona, mas a procura”.  

Procuremos, portanto, viver em comunhão com Jesus Cristo no Espírito Santo. Só assim, pastores e leigos, seremos no mundo testemunhas do grande e infinito amor de Deus por todos os homens e todas as mulheres, amor que perdoa e salva, amor no qual a Igreja vive e se realiza. Peçamos ao Senhor, como nos exorta Papa Francisco, “a graça de um coração pastoral, aberto, que se coloca próximo de todos, para levar a mensagem do Senhor e também para sentir, cada um, a saudade de Cristo”. 

No próximo domingo, 22, a Igreja celebra o Domingo da Palavra de Deus. Que todos meditem a Palavra e vivam essa paixão pela evangelização que significa encontrar o Deus que nos fala como a amigos.  

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