Dom Fernando leva reflexão sobre políticas públicas à Alepe

Na manhã da quinta-feira (21/03), a Assembleia Legislativa realizou Grande Expediente Especial para debater o lançamento da Campanha da Fraternidade 2019, que traz como tema “Fraternidade e Políticas Públicas” e lema “Serás libertado pelo direito e pela justiça” (Is. 1,27).

A ação contou com a presença de pastorais e grupos representando a comunidade católica, como o Encontro de Irmãos, a Pastoral da Criança dos Vicariatos Olinda e Igarassu e a Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP), Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese e Instituto Dom Helder Camara (Idhec).  Também participaram representantes da CAP de Animação Bíblica e da CAP da Juventude. Dentre o público presente, foi observada a participação de estudantes do curso de Direito de duas faculdades do Recife – Unicap e Joaquim Nabuco – que atentos ao tema, faziam anotações.  A proposição do Grande Expediente Especial foi uma iniciativa da deputada estadual Teresa Leitão.

Ao abrir a solenidade, o deputado Doriel Barros elogiou a escolha do tema. “O Papa Francisco já alertou que não devemos fazer como Pilatos e lavar as mãos. Devemos nos envolver na busca do bem comum”, destacou. O parlamentar pontuou, ainda, a contribuição da Igreja Católica nas políticas públicas, relatando ações que foram feitas em parceria com a Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura do Estado de Pernambuco (Fetape), como uma campanha para arrecadar doações de água para o Sertão.

Em sua fala, a deputada Teresa Leitão comentou que a campanha da Fraternidade deste ano trata de algo que tem muito a ver com o exercício político. A parlamentar  elencou os objetivos específicos presentes no texto-base da CF/2019 e fez alguns questionamentos: “De que valerá uma Constituição Cidadã se não há medidas concretas em prol da cidadania? Sobretudo no momento em que estamos vivendo, é preciso refletir sobre o direito e a justiça”, declarou, ressaltando a dimensão social da Igreja”. Segundo a deputada, uma política pública, para ser genuína, tem de passar pelo crivo da sociedade e deve ser pensada naqueles que dela dependem, para se tornar um instrumento de inclusão.

Conforme explica o texto-base da campanha, o objetivo da CNBB, ao propor o tema de Políticas Públicas,  é estimular a participação em políticas públicas, à luz da Palavra de Deus e da Doutrina Social da Igreja para fortalecer a cidadania e o bem comum, sinais da fraternidade.

Dom Fernando Saburido, em seu discurso, apresentou o histórico da Campanha da Fraternidade, criada pela CNBB e iniciada nacionalmente em 1964. O metropolita evidenciou alguns dos temas que vem contribuindo para alertar a sociedade aos problemas que clamam por ações concretas por parte dos governantes, como o tráfico humano, o respeito ao Estatuto do Idoso e a Ecologia.  “Precisamos superar todo tipo de individualismo, de egoísmo e apontar para o valor da coletividade”, pediu o arcebispo.  Sobre o maior envolvimento em políticas públicas, dom Fernando defendeu que a Igreja precisa formar lideranças para compor conselhos estaduais e municipais e participar dos debates para atuar em defesa de todos.

Representando o Movimento dos Trabalhadores Cristãos (MTC), Alexandre Fragoso ressaltou o papel da Constituição Federal no norteamento de políticas públicas. “Por isso é fundamental a consolidação de ações importantes, que devem ser transformadas em políticas de Estado”, frisou.  O retorno à Constituição também foi centro do discurso do coordenador da Cátedra Dom Helder, da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), o professor Manoel Moraes. “Precisamos dialogar sobre direitos humanos, que não são contra ninguém, mas a favor da vida”, ressaltou. O docente lamentou a assinatura de decreto sobre armas pelo presidente Jair Bolsonaro. “Várias medidas estão sendo adotadas sem a atenção ao povo. Estamos à beira de uma crise social muito grande. Esta semana vivemos momentos difíceis, com boatos de que ocorreria na Unicap uma tragédia semelhante a que viveu a escola em Suzano (SP)”, relatou.

Ao término da sessão, o microfone foi aberto para as perguntas à mesa. O presidente da Comissão Arquidiocesana de Pastoral de Animação Bíblica, Adelson Sobral, elogiou a atuação do arcebispo e da Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese, no caso em favor dos moradores do Edifício Holiday, em Boa Viagem. “Trata-se de uma situação que preocupa a Igreja, pois devemos lutar pela garantia de direitos dos irmãos mais frágeis e sem voz”, relatou Sobral.

Na próxima semana, dia 27/03 (18h30), a Câmara dos Vereadores do Recife vai realizar reunião solene sobre a Campanha da Fraternidade. A proposta é do vereador Aerto Luna e o bispo auxiliar da Arquidiocese, dom Limacêdo Antonio da Silva, vai representar esta Igreja Particular.

(Pascom Arquidiocese)

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