Arcebispo celebra Missa na capela do Edifício Holiday e conclama sociedade a se mobilizar

No térreo do edifício Holiday, duas crianças brincavam inocentemente sob o olhar atento da mãe. Apesar de a atmosfera circundante ser de tensão crescente para as mais de 400 famílias de moradores do edifício nas duas últimas semanas, na manhã deste domingo um novo alento parece surgir. O arcebispo da Arquidiocese de Olinda e Recife presidiu na ma nhã deste domingo, 17/03, a Santa Missa na capela Nossa Senhora das Graças, localizada na área externa do Holiday. Antes de a celebração eucarística iniciar, o arcebispo saudou a assembleia e anunciou uma reunião agendada para a segunda-feira, 18/03, (15h), na Cúria Metropolitana. A reunião está sendo convocada pela Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese, presidida por Antônio Carlos Maranhão, presidente do Instituto Dom Helder Camara.

Condomínio do edifício Holiday já removeu fiação externa solicitada em vistoria
Antônio Carlos Maranhão, da Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese fala à assembleia

A Comissão tem por objetivo zelar pela garantia de Direitos Humanos e sociais, especialmente os direitos dos mais pobres e excluídos. Com a iniciativa, o metropolita espera que segmentos da sociedade civil, voluntários, organismos de defesa dos Direitos Humanos e representantes institucionais do poder público possam encontrar uma alternativa de diálogo e solução que alivie o drama dos moradores do edifício Holiday. “Convidamos quem possa contribuir para a solução desta problemática enfrentada pelos moradores. Vi lá fora da capela o síndico do prédio chorando, aflito, por não ter para onde ir, com a sua família. É papel da igreja e da sociedade lutar contra a indiferença ao sofrimento humano.”, destacou dom Fernando. O arcebispo salientou ainda que a situação enfrentada pelos moradores do prédio tem conexão com o lema da Campanha da Fraternidade deste ano, extraído do Livro do Profeta Isaías: “Serás libertado pelo direito e pela justiça” (Is 1, 27).

A missa presidida por Dom Fernando foi concelebrada pelo padre Luciano José Rodrigues Brito, vigário geral da Arquidiocese e pároco da paróquia Nossa Senhora de Fátima, paróquia da qual a capela do Holiday faz parte. Em sua homilia, o arcebispo refletiu que a Quaresma é o tempo oportuno para meditar a transfiguração. “O Evangelho de hoje nos ensina a caminhar na unidade. A cruz nos purifica e a conversão é um processo em nossa vida.  Se Deus permitir, em breve iremos celebrar a ressurreição desta comunidade do Holiday “, concluiu dom Fernando.

Antes do término da celebração, o padre Luciano Brito comunicou aos fiéis que, diante da interdição do edifício Holiday, as atividades na capela também serão suspensas no local. Uma comissão da paróquia está à procura de um espaço provisório para as celebrações eucarísticas. “Assim que tivermos a confirmação do local das Missas, avisaremos aos paroquianos”, informou o padre Luciano. Alguns dos moradores do Holiday presentes à Missa ficaram consternados com a notícia. O padre Luciano destacou que na capela também são desenvolvidas atividades assistenciais aos moradores do Holiday e de comunidades carentes da região.  Segundo o pároco, mais de 200 pessoas recebem regularmente atendimentos na área de saúde e de segurança alimentar. “Nesta hora de grande aflição, verificamos a união dos irmãos de outras igrejas, que vem dando seu apoio e trazem à comunidade do Holiday uma palavra de conforto, uma refeição, um sorriso que seja, tudo isto alivia o sofrimento desta gente”, refletiu o padre Luciano Brito.

Moradores realizam mudanças ao longo do dia

Emocionado, o síndico do prédio, Rufino Neto, informou à reportagem da Arquidiocese que tem esperança em ganhar mais tempo na Justiça, para conseguir articular com doadores e voluntários a doação de materiais elétricos e de serviços para fazer os reparos e adequações exigidas pelas normas técnicas de segurança. “Perdemos muito tempo e esta medida da interdição tem sido muito dura para todos nós. Eu mesmo não tenho para onde ir e não pretendo abandonar o Holiday”, acrescentou. O síndico declarou que cerca de 70% dos moradores já deixou o edifício, até o momento. A Justiça deu o prazo de até a segunda-feira, 18/03, para a construção ser evacuada, por medida de segurança e para proteger a integridade dos moradores. Na rua ao lado do edifício, uma unidade móvel da Defesa Civil e equipe da Prefeitura do Recife fazem o cadastro dos moradores que desejam agendar gratuitamente os serviços de um caminhão de mudança para a casa de familiares ou abrigos municipais. Até o momento, menos de 200 mudanças haviam sido agendadas utilizando o apoio da Defesa Civil.

Entenda o caso – O edifício Holiday foi construído em Boa Viagem, zona sul do Recife, em 1957, e foi vendido como opção de veraneio, em Boa Viagem, zona sul do Recife. Ao todo, são 476 apartamentos.  Devido à degradação sofrida pela falta de manutenção no decorrer dos anos, o risco de incêndio e a deterioração na estrutura tornaram-se uma ameaça à vida dos moradores. Por isto, a Prefeitura do Recife requereu e a Justiça determinou a desocupação e a interdição do edifício num prazo de cinco dias, que se encerra na próxima segunda-feira, 18/03. No dia 12/03, o juiz Luiz Gomes da Rocha Neto, da 7ª.  Vara da Fazenda Pública da Capital atendeu ao requerimento da Prefeitura do Recife e determinou a desocupação e a interdição do edifício Holiday.

(Pascom AOR)

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